2024 interrompeu um ciclo de 15 anos a crescer da metalurgia e metalomecânica
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Exportações de metal em queda, moda volta a terreno positivo

Indústria: Embora janeiro seja um mês atípico, em termos de vendas internacionais, sempre dá um indício do que poderá ser o ano.
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As exportações da metalurgia e da metalomecânica caíram 4,3% em janeiro, para 1839milhões de euros. A associação do setor, a AIMMAP, fala num valor “verdadeiramente notável”, tendo em conta “atual conjuntura”. E Rafael Campos Pereira, vice-presidente da associação, antevê também “sinais de alerta”.

“Mais do que a quebra homóloga, devemos preocupar-nos com o facto de se terem verificado quebras em alguns dos principais mercados, como Espanha, Alemanha, França, Itália”, destaca o responsável. Também as vendas para os EUA registaram um decréscimo, mas, considera, “ao longo dos últimos meses não existe uma tendência evidente e não podemos ainda tirar conclusões quanto ao impacto das tarifas alfandegárias adotadas pela administração Trump, até porque estas só entraram em vigor durante o mês de março”.

Para o vice-presidente da AIMMAP, a política europeia é a grande preocupação. “As taxas que estão a ser aplicadas às matérias-primas importadas, estão a afetar tremendamente a competitividade da indústria europeia, e isso sim, pode começar a explicar alguma tendência decrescente nas exportações. Registada, aliás, transversalmente em quase todas as economias europeias”, refere, admitindo que “não podemos obviamente esquecer a conjuntura geopolítica e a crise política e económica em alguns dos nossos principais destinos de exportação.”

Rafael Campos Pereira deixa, também, o alerta para dentro de portas . “Os partidos políticos devem estar conscientes de que a nossa economia, enquanto pequena economia aberta, tem sido extraordinariamente resiliente para fazer face aos sucessivos choques internos e externos, e uma crise política interna prolongada nesta fase teria um custo demasiado elevado”. Avisa, por isso, para “a necessidade de Portugal encontrar no curto prazo, uma solução governativa estável, e que o governo de gestão seja competente e eficiente, permitindo que a economia não pare, e que se continuem a executar os principais programas de apoio como o PRR”.

Em sentido contrário estão os setores industriais mais ligados à moda e que foram duramente castigados, em 2024, com a subida da inflação e das taxas de juro, deixando os consumidores menos disponíveis para gastar dinheiro em roupa ou calçado.

Mas depois de uma queda a dois dígitos no arranque de 2024, a fileira do têxtil e do vestuário regressou a terreno positivo. Em janeiro, estas indústrias venderam ao exterior bens no valor de 481,2 milhões de euros, um aumento de 4,6% face a igual mês do ano anterior. Em valor absoluto, o crescimento foi de 21,1 milhões.

A trajetória de crescimento começou já no final de 2024, com dezembro a registar um aumento homólogo de 10,7%, o que, mesmo assim, não permitiu anular por completo as perdas ao longo do ano. Arrancar 2025 em terreno positivo traz alguma esperança.

Dos 21,1 milhões de euros a mais exportados em janeiro, mais de 11 milhões foram assegurados pelo acréscimo das vendas de vestuário e acessórios de malha, segmento que cresceu 6,1% para 192,2 milhões de euros.

Também a categoria ‘outros artefactos têxteis confecionados’, onde se inclui o segmento de têxteis-lar, aumentou as exportações em quase 9%, para um total de 63,7 milhões de euros. Por fim, o vestuário em tecido registou um acréscimo de 5,4% para 91,2 milhões de euros.

No segmento têxtil, o crescimento foi de 0,19% para 134,2 milhões de euros, com especial destaque para a performance dos tecidos e de ‘outras fibras têxteis vegetais’, com acréscimos homólogos de 8,1% e de 54,9%, respetivamente.

Também o calçado está de regresso aos ganhos. Depois de ter fechado 2024 com uma quebra global, mas já a crescer nos últimos quatro meses do ano, a indústria arranca 2025 com boas notícias. No total, o setor exportou 7,1 milhões de pares de sapatos no valor de 161,4 milhões de euros. É um crescimento de 8,2% em valor e de 4,1% em quantidade. “Ainda que seja muito prematuro fazer análises, porque estamos no arranque do ano, estes números vêm em linha com o que foi o último trimestre de 2024, em que já crescemos 14%”, refere o porta-voz da APICCAPS, a associação do setor. Paulo Gonçalves admite que a conjuntural internacional se mantém “muito exigente”, mas o setor espera que 2025 “possa ser já de alguma recuperação nos mercados internacionais”.

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