A conferência Land Defense Industry está a dar voz às indústrias portuguesas.
A conferência Land Defense Industry está a dar voz às indústrias portuguesas. Reinaldo Rodrigues

Empresas portuguesas a postos para produzir para o setor da defesa

Indústrias nacionais querem ter uma palavra no processo de rearmamento da Europa. Afirmam ter conhecimento, experiência e capacidade produtiva.
Publicado a
Atualizado a

Portugal necessita de mais investimento no setor da defesa e terá de recorrer à compra externa de equipamentos, mas também à capacidade do tecido industrial nacional. "Temos de ter uma defesa aérea robusta, temos de ter helicópteros multiusos com múltiplas capacidades, temos de garantir o esforço da defesa terrestre nos nossos arquipélagos, temos de ter capacidade ao nível da emergência, temos de ter capacidade na área de ciberdefesa, etc", sublinhou esta segunda-feira o Coronel António Oliveira, chefe da Divisão de Planeamento Militar Terrestre do Estado Maior do Exército, na conferência Land Defense Industry, que está a decorrer em Vila Nova de Gaia.

Empresas portuguesas das áreas da metalomecânica, dos materiais compósitos avançados e de soluções tecnológicas em defesa e segurança estão a postos para dar resposta às necessidades do país, numa altura em que a União Europeia determinou a urgência do rearmamento dos países-membros. A. Silva Matos, Beyond Composites, Optimal Defence e Promecel são exemplos disso. Estas empresas participaram no painel "Veículos terrestres e sistemas de defesa", numa oportunidade de darem a conhecer o que fazem e o que podem aportar ao processo de forte investimento que se avizinha para os próximos anos.

A metalomecânica A. Silva Matos, que já ganhou um projeto para o CERN – Centro Europeu para a Investigação Nuclear, está disposta a ser uma parceira industrial no setor da defesa na área das soluções em aço e também a firmar parcerias com empresas de atividades complementares à sua, revelou Pedro Pinheiro, administrador da empresa de Sever do Vouga, no painel da conferência "Veículos terrestres e sistemas de defesa".

Segundo Pedro Pinheiro, a A. Silva Matos conta no seu portfólio com projetos desenvolvidos para a indústria de defesa, estando inclusive acreditada pela NATO, para os setores do petróleo & gás, e química e petroquímica, entre outros. A metalomecânica portuguesa tem apostado no desenvolvimento de produtos inovadores, de que é exemplo o Turtle, um veículo preparado para imergir nos mares até quatro mil metros de profundidade. Como frisou o responsável, "são construções de metalomecânica que podem facilmente ser adaptadas a outros fins".

A Beyond Composite, especializada no desenvolvimento de materiais compósitos avançados, tem uma área de negócio dedicada à defesa, com foco na proteção balística de pessoas e bens. No evento, Fernando Cunha, CEO da empresa que recentemente foi adquirida pelo grupo Sonae, sublinhou que uma das contribuições mais relevantes da Beyond Composites é "a redução do peso das viaturas, que permite aumentar a mobilidade desses veículos". Numa encomenda para o Banco Central Europeu, a empresa conseguiu reduzir em 57% o peso dos veículos de alta segurança, frisou Fernando Cunha. Como adiantou, "trabalhamos diretamente com o cliente e de acordo com as suas necessidades". A Beyond Composites, que fornece também equipamentos de proteção individual, está prestes a fechar um contrato para distribuição de material balístico na América Latina e está também a trabalhar para os mercados dos Estados Unidos e Canadá.

Por sua vez, a portuguesa Optimal Defence já garantiu 16 licenças das 21 categorias da lista militar comum. Como sublinha Filipe Duarte, CEO da empresa especializada no desenvolvimento de software, controlo autónomo de navios e produção de sensores, "o futuro da defesa não pode depender só dos outros". A Optimal Defense está preparada para desenvolver projetos ao nível da desminagem e descontaminação, entre outros. A empresa está já a trabalhar para a Agência Europeia de Defesa e para a NATO. "Não produzimos só software e sistemas", realça Filipe Duarte.

Também a metalomecânica Promecel quer ter uma palavra neste processo de rearmamento da Europa. A empresa tem agora uma nova fábrica e capacidade de expansão para responder a um potencial crescimento da atividade. Segundo José Manuel Silva, diretor da Promecel, a empresa "está preparada para chegar a todos os ramos do setor da defesa". Maquinação de componentes de alta precisão, fundição, estampagem e galvanoplastia são as suas áreas de especialização.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt