A maior parte dos empresários da construção antecipa destruição de emprego.
A maior parte dos empresários da construção antecipa destruição de emprego.José Carmo / Global Imagens

Empresários antecipam nova subida de preços e menos emprego

Novo inquérito do INE, junto de cerca de 4750 gestores, sinaliza que a tendência vai ser para que os preços em quatro grandes setores da economia subam até outubro.
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A esmagadora maioria dos empresários portugueses que participaram num inquérito conduzido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em julho, está a antecipar um novo agravamento dos preços (inflação) nos próximos três meses (até ao outono) e a maior parte dos gestores dos setores da construção e do comércio está à espera de uma menor criação de emprego face à avaliação feita em junho, também referente aos próximos três meses.

“O saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda aumentou significativamente em julho na indústria transformadora, na construção e obras públicas e no comércio”, diz o INE. Nos serviços, o setor com maior peso na economia, esse indicador prospetivo também subiu, mas “de forma moderada”.

Como referido, os resultados do novo Inquérito de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores relativo a julho, conduzido junto de cerca de 4750 empresários e gestores, indicam que a tendência vai ser para que os preços praticados nos diversos setores subam ao longo dos próximos três meses, ou seja, até outubro.

O INE mede o sentimento económico empresarial, avaliando a questão dos preços, mas também a evolução esperada do emprego e da atividade (faturação, encomendas, etc.) em quatro setores de referência da economia.

Indústria

Na indústria transformadora, o instituto observe respostas de cerca de 1400 gestores ou empresários e revela que a maioria espera uma subida dos preços de venda, o que pode motivar uma inflação mais elevada junto dos consumidores, que pagam o preço final. O indicador referente a estas perspetivas atingiu o maior valor dos últimos 12 meses, pelo menos.
Ainda na indústria, o indicador que mede as perspetivas de emprego nos próximos três meses ficou estável em julho, mas no nível mais baixo dos últimos 12 meses, pelo menos, mostra o INE.
Neste inquérito, a indústria representa mais de 14% da economia (VAB - Valor Acrescentado Bruto), informa o INE.

Construção

Outro setor auscultado é o da construção e obras públicas, no qual foram ouvidos cerca de 650 responsáveis empresariais. O indicador geral relativo ao outlook do emprego para os próximos três meses está a cair desde maio, arrastado por todas as suas subcomponentes.

O indicador que mede as perspetivas do segmento da engenharia civil entrou em território negativo, o que significa que a maior parte dos empresários antecipa destruição de emprego.

Nas atividades especializadas da construção, o indicador do emprego futuro ainda se mantém ligeiramente positivo (portanto, a maioria dos gestores respondeu que ainda pode haver alguma criação de emprego até outubro), mas afundou entre junho e julho.

Já na promoção imobiliária, as perspetivas de emprego passaram de negativas a positiva entre junho e julho.

Segundo o INE, “o indicador de confiança da Construção e Obras Públicas diminuiu em julho, após ter aumentado entre abril e junho” e “a evolução no último mês refletiu o contributo negativo das duas componentes, apreciações sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego”.

No setor da construção como um todo, o indicador sobre a evolução dos preços de venda a três meses subiu e está agora no valor mais elevado desde abril.

A indústria da construção representa quase 5% da economia portuguesa.

Comércio

No caso do comércio (por grosso e a retalho), o INE obteve a opinião de 1300 empresários e o cenário que estes desenharam não é muito otimista.
O indicador relativo à inflação futura (preços de venda) disparou em julho para o nível mais elevado desde janeiro.

A par disso, o indicador relativo ao futuro de curto prazo no emprego aponta para alguma criação líquida, mas este saldo de respostas ainda positivo baixou para a pior marca desde abril.

O INE mostra que as perspetivas sobre a atividade (vendas nos próximos três meses) pioram entre os grossistas (para o pior registo desde fevereiro) e entre os retalhistas.

O setor do Comércio representa quase 13% da economia portuguesa.

Serviços

A tónica mais positiva deste novo inquérito acaba por vir do maior setor da economia, os serviços (que inclui tudo o que tem a ver com turismo, por exemplo), o que acaba por compensar a evolução nos outros setores, sobretudo no que concerne ao emprego.

Segundo o INE, neste inquérito, os Serviços representam 37% da riqueza produzida a nível interno.

A maioria dos 1400 empresários contactados considera que pode haver uma maior expansão na criação de empregos nos próximos três meses.
No entanto, também estes decisores sinalizam que a inflação está em crescendo, apontando para uma subida de preços mais significativa nos próximos três meses.

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