Pedro Duarte, Ministro dos Assuntos Parlamentares (ao lado de Marco Galinha, presidente da VASP), encerrou a conferência em que também discursou o deputado do PS à Assembleia da República e autor, Sérgio Sousa Pinto.
Pedro Duarte, Ministro dos Assuntos Parlamentares (ao lado de Marco Galinha, presidente da VASP), encerrou a conferência em que também discursou o deputado do PS à Assembleia da República e autor, Sérgio Sousa Pinto.Leonardo Negrão

VASP comemora 50 anos com elogios à resiliência em negócio em transformação

Empresa de distribuição de publicações diz que está há vários anos a apostar na diversificação e inovação para compensar a quebra na venda de jornais e revistas em papel.
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O história da VASP "confunde-se com o nascimento da democracia em Portugal", sublinhou esta tarde o ministro dos Assuntos Parlamentares, na conferência comemorativa dos 50 anos da empresa que distribui jornais, revistas e livros em território nacional, e que pertence ao Grupo BEL (que partilha o acionista com o Grupo Global Media, dono do Diário de Notícias). Pedro Duarte sublinhou "o contributo da VASP para a liberdade de imprensa" e para a "abertura de Portugal ao mundo" e lembrou que, "graças à VASP, quatro concelhos voltaram a ter acesso a informação".

Vimioso, Freixo de Espada a Cinta, Marvão e Alcoutim recuperaram os pontos de venda de livros e revistas que tinham perdido, com os protocolos assinados em novembro no âmbito do plano de apoio aos media. O governante também lembrou que o Governo está "a poucas semanas de lançar o concurso público internacional para garantir a distribuição de publicações em todo o país". Trata-se de uma das 30 medidas apresentadas em outubro para apoiar a comunicação social.

Pedro Duarte elencou os vários momentos difíceis pelos quais a empresa teve de passar desde o ano 2000, "com a ascensão da informação digital", passando pelo período da troika e, mais recentemente, a partir de 2020, com a necessidade de processos ambientalmente mais sustentáveis. "É possível superar crises", disse, considerando que a empresa "manteve o compromisso com a qualidade, pontualidade e excelência operacional".

O governante disse ainda que este "marco histórico" dos 50 anos é também "pretexto para refletir sobre o futuro" e desafiou a VASP a abrir-se a novas áreas e parcerias estratégicas.

Sérgio Sousa Pinto, deputado à Assembleia da República e autor, foi convidado para dar "uma palestra a uma audiência mais qualificada do que eu", começou por dizer. Mas tendo-se "informado", concluiu que "as empresas que operam neste setor têm uma esperança de vida muito pequena, o que mostra que é um negócio difícil, mas é um setor crítico para a cultura". O deputado do PS frisou que "a democracia só é viável com uma cidadania minimamente culta e informada", e que "as indústrias da cultura dependem da distribuição". "A VASP é fundamental para o funcionamento do mundo do espírito", defendeu.

Marco Galinha, presidente do conselho de administração da VASP e CEO do Grupo BEL (que assumiu o controlo da VASP em agosto de 2024), abriu a conferência, e disse que a empresa, "ao longo de cinco décadas, enfrentou desafios e oportunidades, reinventando-se continuamente para responder às exigências do mercado".

"Com a entrada do Grupo BEL no capital da VASP, assumimos o compromisso de honrar esse legado e construir um futuro sustentável. Sabemos que a venda de jornais e revistas em papel tem vindo a diminuir, mas a diversificação e inovação já fazem parte da estratégia da empresa há vários anos", sublinhou o gestor.

Marco Galinha garantiu que a empresa, que percorre "mais de 10 milhões de quilómetros por ano para ligar fornecedores a clientes", está a apostar "na tecnologia e eficiência", referindo projetos como "o desenvolvimento de sistemas avançados de rastreamento e otimização de rotas, em parceria com a Active Space Technologies e Test Bed Active+".

Disse também que a integração da VASP no Grupo BEL permitiu "potenciar novas soluções, como os serviços Kios e VASP Expresso".

Rui Moura, administrador da VASP, moderou um painel em que participaram José Carlos Lourenço, CEO do Grupo Media N9ve e antigo diretor-geral da VASP, Manuel Fonseca, presidente da editora Guerra e Paz, Francisco Rebelo dos Santos, diretor do Jornal Região de Leiria e Fátima e Paulo Jesus, proprietários das papelarias Rima.

José Carlos Lourenço disse que passou "quase metade da sua vida profissional ligada à VASP", tendo sido diretor-geral da empresa há mais de 25 anos. Começou por ter ligações à empresa como consultor da então Arthur Andersen, até que "o miúdo da auditoria" passou a dirigir a companhia. "Esqueceram de me dizer que a empresa estava falida", recordou com humor, sublinhando que a VASP teve "sempre capacidade de se renovar".

Francisco Rebelo dos Santos, diretor do Jornal Região de Leiria, destacou o apoio da VASP à imprensa regional. "O deserto de notícias não é só a ausência de títulos por esse território fora, mas também não existir acesso aos meios, e a VASP tem tido essa responsabilidade", afirmou.

O presidente da Guerra e Paz contou a história de como a VASP - que descreve como "a rede de veias e artérias que leva os livros a todo o país" - "salvou" a editora em 2012. "Conheci a VASP porque a Guerra e Paz estava numa situação traumática", disse Manuel Fonseca. Com a VASP "reativou-se a venda de livros em locais aonde já não se vendia, em pequenas cidades e vilas", conta. "E foi assim que a Guerra e Paz não só voltou a respirar, como cresceu", sublinhou o editor. Manuel Fonseca diz que em 2024 as vendas em livraria cresceram 28% e no mês de janeiro deste ano subiram 34%.

Paulo e Fátima Jesus, proprietários das papelarias Rima, testemunharam como o negócio mudou em 23 anos de portas abertas. "Há uma diminuição da compra de jornais", disseram os empresários que transportaram o conceito de papelaria de rua para os centros comerciais. Fátima Jesus aproveitou para fazer um apelo à VASP: que aperfeiçoe a atribuição de quotas de publicações nos pontos de venda.

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