Mário Centeno, governador do Banco de Portugal. Fotografia: Lusa
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal. Fotografia: LusaLusa

Economia nacional cresce acima da zona euro até 2027

Banco de Portugal mostra-se otimista quanto à evolução da economia nos próximos dois anos. Crescimento supera os 2% em 2026, mas Portugal vai regressar ao défice orçamental
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A taxa de desemprego deve manter-se inalterada, a evolução do aumento do emprego e dos salários vai abrandar e a inflação vai convergir para valores ligeriamente abaixo dos 2%. Neste contexto, a economia nacional deverá avançar 1,6% já este ano, 2,25 em 2026 e 1,7% em 2027. São estas as previsões do Banco de Portugal, que esta sexta-feira, 6 de junho, apresentou o seu Boletim Económico aos jornalistas, na sede do supervisor, em Lisboa. As projeções apresentadas estão, em traços gerais, em linha com as que tinham sido estimadas no Boletim Económico de dezembro de 2024.

Em termos de saldo orçamental, o Banco de Portugal estima um regresso aos défices, de 0,1%, 1,3% e 0,9% do PIB em 2025, 2026 e 2027, respetivamente.

“As tensões comerciais e a incerteza elevada limitam a atividade económica, mas o alívio das condições financeiras, o reforço da entrada de fundos da União Europeia e a robustez do mercado de trabalho são os efeitos dominantes em 20262, refere a instituição liderada por Mário Centeno, um dia depois de o Banco Central Europeu anunciar a oitava descida de juros da taxa de referência, para os 2%, confirmando o movimento que já tinha antecipado antes do verão.

A Europa, apesar de expectante sobre os ventos que têm soprado dos EUA, mantém-se no rumo traçado no início do ano, com a inflação a comportar-se precisamente como os analistas previam, e a continuar a reduzir depois dos picos sucessivos registados no pós-invasão russa da Ucrânia, em 2022.

Entre os riscos identificados pelo Banco de Portugal está um potencial aumento das tensões comerciais e uma eventual dificuldade de execução dos fundos vindos da União Europeia, avisa a instituição. No entanto, “a resolução dos conflitos armados e um aumento dos gastos em defesa em Portugal podem ter um impacto positivo na atividade”, diz ainda o supervisor.

“O saldo orçamental deverá deteriorar-se nos próximos anos, regressando a uma situação deficitária. Preveem-se défices orçamentais de 0,1%, 1,3% e 0,9% do PIB em 2025, 2026 e 2027, respetivamente, em resultado de políticas pró-cíclicas expansionistas”, justifica o BdP.

“O rácio da dívida pública continua a diminuir ao longo do horizonte da projeção, passando de 94,9% em 2024 para 85,8% em 2027, mas o ritmo de redução é inferior ao dos últimos anos”, nota ainda a institução.

Em termos de endividamento, o BdP estima um desempenho melhor que os pares europeus, ainda que a elevada dívida pública seja apontada como “uma vulnerabilidade” existente. “Portugal terá de preservar uma trajetória de redução sustentada do endividamento, tendo presente os desafios estruturais que continuarão a marcar o futuro próximo: investimento público, especialmente na área da transição climática, digital e da defesa e as consequências orçamentais associadas ao envelhecimento da população”, considera o supervisor.

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