Centeno: "Em 10 anos, duplicámos os salários das famílias portuguesas"
Num discurso feito de improviso no aniversário da Caixa Agrícola de Torres Vedras, Mário Centeno defendeu esta quinta-feira que nos últimos dez anos os salários das famílias portuguesas foram duplicados, devido à aposta que foi feita em dois aspetos centrais: a educação e a estabilidade do sistema financeiro, que permitiu que a economia crescesse de forma sustentável e com um mercado de trabalho robusto, para o qual, vincou, contribuiu a vinda de mais de meio milhão de imigrantes.
"Em 2014, pagaram-se 30 mil milhões em salários às famílias portuguesas. Em 2024, este valor já era superior aos 60 mil milhões de euros. Fizemos mais para melhorar os salários das famílias nestes dez anos do que nos 900 anos anteriores", disse o governador numa intervenção numa conferência que assinalou os 110 anos da Caixa de Crédito Agrícola de Torres Vedras.
"Nunca antes, na História do nosso país, conseguimos transformar tantas coisas em tão pouco tempo. Mas há sempre desafios e esses desafios devem ser abordados com a verdade, com números que possamos trazer para o debate", acrescentou Mário Centeno, que antes de assumir as atuais funções foi ministro das Finanças no governo socialista liderado por António Costa.
O governador defendeu ainda a importância da imigração para o mercado de trabalho e para a economia do país, manifestando ainda o desejo de que a globalização não seja colocada em causa devido aos populismos e aos protecionismos. "Portugal sempre foi aberto ao mundo", lembrou, criticando ainda o facto de esta visão cosmopolita estar a ser posta em causa em boa parte do globo. "Em alguns países as universidades estão a ser atacadas", exemplificou, numa aparente referência implícita às recentes decisões da Administração Trump em relação à Universidade de Harvard (onde foi estudante de pós graduação). No entanto, o governador do Banco de Portugal, que por inerência faz também parte do conselho do Banco Central Europeu, não referiu o presidente dos Estados Unidos.
Mário Centeno salientou ainda que "é mais fácil uma sociedade escolarizada enfrentar a verdade e concretizar os seus sonhos".
"Pela primeira vez em muitos séculos, Portugal tem um sistema de educação que não fica atrás dos da maioria dos países com que nos relacionamos.
“Os sonhos, para se tornarem realidade precisam de verdade e que nos confrontemos com a verdade. Precisam de conhecimento. Já aqui se falou de educação. É a base de tudo, é a base de futuro que se consolida no presente”, disse o governador.
"Hoje, os nossos jovens entram no mercado de trabalho com qualificações idênticas às dos países com quem nos relacionamos. Podemos seguir em frente e concretizar os nossos sonhos", acrescentou Mário Centeno.