Dívida pública mundial cresce para mais de 100 biliões de dólares em 2024
A dívida pública mundial está em níveis "muito elevados" e deverá terminar este ano acima dos 100 biliões de dólares, o que corresponde a 93% do Produto Interno Bruto global (PIB), avisa o Fundo Monetário Internacional (FMI). Em 2030 o endividamento global deverá atingir os 100% da riqueza gerada, dez pontos percentuais acima do valor de 2019, antes da pandemia.
Mais do que isso, o FMI alerta que as dívidas públicas reportadas pelos países podem estar subavaliadas e deverão saldar-se em valores superiores ao previsto. "Apesar de o panorama não ser homogéneo - espera-se que a dívida pública estabilize ou diminua para dois terços dos países -, o Fiscal Monitor de 2024 revela que níveis futuros de dívida podem ser ainda superiores ao projetado", lê-se numa análise publicada no blog do Fundo. Por isso, acrescenta a organização, com muita probabilidadde, "ajustamentos orçamentais bem maiores do que os projetados atualmente são necessários para a estabilizar ou reduzir [a dívida]".
O Fundo liderado por Kristalina Gorgieva adianta que o panorama das dívidas públicas pode afinal ser pior do que o previsto agora, por três razões: pressão para os governos aumentarem a despesa (fruto do envelhecimento da população, gastos crescentes com saúde, defesa e segurança energética e transição verde), demasiado otimismo nas projeções e dívida não identificada de grande monta.
Tendo em conta a experiência passada, o FMI conclui que os rácios das dívidas públicas, cinco anos depois da previsão, podem ficar dez pontos percentuais, em média, acima da projeção.
No Fiscal Monitor, o relatório que o FMI divulga todos os anos sobre as finanças públicas dos países, é feita uma análise sobre o risco das dívidas e, num cenário de adversidade severa, estas podem vir a atingir 115% do PIB em três anos, 20 pontos percentuais acima das previsões atuais.
Sobre a dívida não identificada, e numa análise a 30 países, o FMI constata que 40% deste endividamento não contabilizado resulta de responsabilidades contingentes e riscos orçamentais, muitos dos quais "relacionados com perdas em empresas detidas pelo Estado". Os dados históricos apontam para que a dívida escondida se situe entre 1 e 1,5% do PIB, em média, aumentando fortemente em alturas de stress financeiro, sublinha o FMI.
Para atacar estas vulnerabilidades, o Fundo recomenda aos governos "mitigarem dívida não identificada decorrente de atrasos nos pagamentos e materialização de responsabilidades contingentes". Diz ainda que deve ser reforçada a monitorização dessas responsabilidades contingentes, incluindo as que estão associadas a empresas públicas.
A organização internacional também apela a mais transparência na informação sobre a dívida pública, incluindo sobre os credores, exposição ao risco, o perímetro de despesa incluído na dívida.