Os cinco maiores bancos que operam no mercado português têm razões para sorrir nos primeiros nove meses do ano. Entre janeiro e setembro, a CGD, o BCP, o Santander, o Novobanco e o BPI registaram lucros de 3,9 mil milhões de euros, mais 19% do que no mesmo período do ano passado, graças ao crescimento da atividade bancária num contexto económico favorável, ao controlo de custos e à libertação de provisões “excessivas” que tinham sido constituídas nos anos anteriores..Estes fatores positivos ajudaram os cinco maiores bancos a enfrentar a descida das taxas de juro, que tem impacto nas suas margens financeiras. Estas últimas correspondem à diferença entre os valores que os bancos cobram pelos créditos e aquilo que pagam na remuneração das poupanças dos clientes e, nos primeiros nove meses do ano, ascendeu a sete mil milhões de euros, mais 5,2% do que há um ano..Apesar de a margem continuar a subir, já se nota o efeito da descida das taxas de juro, que teve início no final de 2023. A subida de 5,2% compara com os crescimentos de dois dígitos que se registaram no ano passado, numa altura em que o BCE procurava travar a espiral inflacionista com uma forte subida dos juros - que acabou por ser mais rápida nos créditos do que nos depósitos. No entanto, desde o final do ano passado, o BCE tem vindo a cortar as taxas de juro, uma vez que a inflação tem vindo a baixar e a economia do Velho Continente dá sinais de estar pior do que o anteriormente previsto..No caso da CGD, que registou lucros de 1,4 mil milhões de euros até ao final do terceiro trimestre, a margem financeira teve um aumento modesto de 1,5%, para 2,1 mil milhões de euros. Na conferência de imprensa que ontem teve lugar, o presidente do banco público, Paulo Macedo, frisou que a descida dos juros vai continuar a impactar as margens nos próximos trimestres. Neste contexto, a CGD vai continuar a cortar nos custos, com uma descida de 1,1% até setembro. Apesar de um aumento de 3% nos custos dos cinco maiores bancos nos primeiros meses, esta subida ficou abaixo do aumento do volume de negócios. No setor, a palavra de ordem é controlar custos..No caso do Santander, do BPI e do Novobanco, a margem financeira continuou a subir a bom ritmo. O banco liderado por Pedro Castro e Almeida teve um crescimento de 20,5% em termos homólogos, até ao final de setembro, para um total de 1,2 mil milhões de euros. Este desempenho da margem do banco ibérico teve um contributo significativo para o lucro neste período, que cresceu 25,2% para 778,1 milhões de euros. Já o BPI viu os lucros aumentarem 13,8% nos primeiros nove meses, para um total de 444,1 milhões de euros, graças à subida de 6,5% da margem financeira, para 738,4 milhões de euros..Por sua vez, o Novobanco foi o único dos cinco grandes bancos a ter uma descida nos lucros, com uma queda de 4,4% para 610,4 milhões de euros, devido ao aumento de provisões. Isto apesar de a sua margem financeira ter crescido 6,6% para 886,3 milhões de euros..Quanto ao BCP, teve lucros de 714,1 milhões de euros no trimestre, mais 9,7% do que no período homólogo, apesar da descida de 0,3% da margem financeira, para 2,1 milhões de euros.