A Caixa Geral de Depósitos (CGD) viu os seus lucros crescerem 39% nos primeiros nove meses do ano, para 1,4 mil milhões de euros. A subida dos lucros do maior banco português explica-se com o crescimento da atividade num contexto económico favorável, bem como pela libertação de provisões de crédito que foram constituídas nos anos anteriores..O crescimento em sete mil milhões de euros do volume de negócios, para 144 mil milhões, ajudou a compensar a descida das taxas de juro, que tem vindo a ocorrer desde o final do ano passado. A margem financeira, que corresponde à diferença entre os juros que os bancos cobram nos créditos e os que pagam nos depósitos, teve um crescimento de 1,5% em termos homólogos, para 2,1 mil milhões de euros..“Temos razões para considerar que foram uns bons nove meses”, disse o presidente do banco público, Paulo Macedo, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados dos primeiros nove meses de 2024. Citado pela agência Lusa, o banqueiro frisou que este ano a Caixa entregará ao Estado um total de 1,5 mil milhões de euros, entre dividendos e IRC referentes a 2023 e 2024, graças aos resultados obtidos..Por sua vez, na sua apresentação, a administradora financeira Paula Geada registou que o crescimento da margem financeira “foi muito suportado pelo crescimento do volume de negócios”..Pelo mesmo motivo, segundo a CGD, as comissões cresceram 2,6% face ao mesmo período do ano passado, para um total de 437 milhões de euros..Crucial foi também o facto de o banco público ter anulado parte dos 510 milhões de euros em provisões que constituiu no ano passado. Até ao final de setembro, a CGD reverteu provisões e imparidades no valor de 106 milhões de euros, ou seja, cerca de um quinto do montante provisionado no ano passado. A CGD explica esta libertação de provisões - que, se não tivessem sido formadas em 2023, teriam tido um impacto positivo nos lucros desse exercício - com o facto de a economia portuguesa estar em melhor situação do que o inicialmente previsto. Segundo o banco, a libertação de provisões está “sobretudo relacionada com a atividade da Caixa em Portugal, reconhecendo a melhoria do enquadramento macroeconómico acima do esperado”..Por sua vez, os resultados das operações financeiras ascenderam a 120 milhões de euros, abaixo dos 164 milhões do mesmo período de 2023, devido a um efeito extraordinário da extinção do Fundo de Pensões, que em 2023 teve um impacto não recorrente de 80 milhões de euros. Não fora este efeito extraordinário e “os resultados de operações financeiras teriam uma variação positiva de 35 milhões de euros”, refere o banco público. Já os depósitos de clientes tiveram um aumento de 4,9% face a dezembro último, para 84 499 milhões de euros, dos quais 74 209 milhões dizem respeito à atividade em Portugal, que cresceu 5,6%..O crédito a clientes em Portugal cresceu 2,8%, para 46 622 milhões de euros. Deste montante, 26 249 milhões dizem respeito a particulares, segmento onde teve lugar um crescimento de 2,2%, dos quais 25 070 milhões de euros foram relativos a crédito à habitação..No que diz respeito à atividade internacional, esta contribuiu com 150 milhões de euros para os lucros do banco público, sendo penalizada pelas variações cambiais, nomeadamente no mercado angolano. Já o BNU de Macau e o BCI de Moçambique contribuíram positivamente para os lucros da casa-mãe, com 49 milhões de euros e 51 milhões de euros, respetivamente..Neste contexto, os resultados operacionais do grupo CGD subiram 33,8% para 2016,1 milhões de euros..Caixa continua a cortar custos.Por sua vez, os custos de estrutura caíram 1,1%, para 780 milhões de euros. No comunicado que foi divulgado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a CGD salientou o facto de ter ocorrido uma “diminuição no valor de 20 milhões de euros nos custos com pessoal, decorrente de efeitos extraordinários relacionados com o programa de reestruturação de pessoal”..No final de setembro, a CGD contava com 6227 trabalhadores em 512 agências, mantendo o número de balcões, mas com menos 16 trabalhadores, em termos líquidos, face a fim de dezembro..Quanto aos rácios de solvabilidade, o rácio de Non-Performing Loans (crédito malparado) consolidado foi 1,59% no final de setembro, numa descida face aos 1,65% de dezembro..Os rácios fully loaded, CET1, Tier 1 e Total, situaram-se em 21,0%, 21,0% e 21,3% respetivamente. Com Lusa