A Carris Metropolitana transportou 622 646 passageiros na segunda-feira. O número constava no novo site da empresa, que desde ontem informa os utentes, em tempo real, sobre horários, localização e o número de pessoas transportadas pelos autocarros que transitam nos 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa (AML). A divulgação de dados sobre a operação é o primeiro passo para criar condições para objetivos mais ambiciosas, mas sem prazo: a empresa pretende chegar ao dia em que os atrasos dos autocarros serão sancionados e deixe de haver pessoas a viajar sem bilhete pago..“Antes do surgimento da Carris Metropolitana [em abril de 2022] não havia aferição dos números da operação de transportes. Agora, vamos começar a dar esses dados às pessoas”, disse ontem Rui Lobo, administrador da entidade gestora Transportes Metropolitanos de Lisboa (TML), na apresentação do novo site..O objetivo, segundo o gestor, é que os dados divulgados “sirvam para dar confiança às pessoas que contam com um autocarro para chegar a casa ou ao trabalho”..A informação que começou a ser divulgada permite, numa primeira fase e para cada uma das linhas em operação, em cada um dos 18 municípios, saber o número acumulado de pessoas transportadas no dia (por mês e ano, posteriormente), bem como a percentagem da operação realizada face à previsão para o dia. Saber os horários em tempo real para cada linha e paragem e localizar e acompanhar o percurso dos autocarros também é possível..A entidade que controla a Carris Metropolitana trabalha transportes públicos, “mas é também uma empresa de big data”, que até aqui não aproveitava “os teras e teras [terabytes]” de informação gerada. E, para Rui Lopo, ao haver um tratamento dos dados esbate-se a fronteira entre a perceção e a realidade que caracteriza o setor, que admitiu ser “conservador” sobre a divulgação de números. “Não conheço nenhum operador na Europa que faça isto”, afirmou..O administrador falou num “salto quântico” face à realidade que havia antes de surgir a Carris Metropolitana..Depreendeu-se pela apresentação feita que, no imediato, a preocupação é com os utentes. Por um lado, a empresa quer explicar que a operação do serviço “é complexa”. Por outro, os utentes terao acesso a informação detalhada sobre o serviço e justificações para constrangimentos. Mas a empresa procura também criar condições para responder a objetivos mais ambiciosos, como sancionar atrasos dos autocarros ou acabar com as viagens de quem não pagou pelo bilhete..Numa outra vertente dos dados gerados, o gestor indicou que o cruzamento de informações permitirá “pedir explicações” quando necessário, mas o “caminho” que leve à penalização de operadores por atrasos, ou até por anteciparem a passagem de um autocarro, está por fazer. “Ainda não se chegou a essa fase”. Por exemplo, a formação dos motoristas, o apetrechamento tecnológico, além da maturidade e qualidade dos dados recolhidos e trabalhados são assuntos a aprofundar..Relativamente às viagens de pessoas que não pagam pelo bilhete, Rui Lopo referiu que “há dois universos distintos”. “Há quem tenha passe, mas não está validado e há quem não compre bilhete”. Ambos os casos representam entre “6% e 8%” do total de passageiros transportados. Sem detalhar muito, o administrador da TML referiu que a tendência daquela proporção de incumpridores “se fixe” naqueles valores, mas adiantou pretender avançar com uma campanha de “sensibilização” das pessoas, lembrando os preços e as condições tarifárias atuais..A Carris Metropolitana é, desde o verão de 2022, a entidade responsável pelo serviço de transporte público rodoviário da AML. O contrato em vigor prevê a operação em quatro áreas: Amadora, Cascais, Lisboa, Oeiras e Sintra (Área 1); Loures, Odivelas, Mafra e Vila Franca de Xira (Área 2); Almada, Seixal e Sesimbra (Área 3); Alcochete, Moita, Montijo, Palmela, Barreiro e Setúbal (Área 4)..Há quatro operadores a fornecer o serviço de transporte rodoviário à Carris Metropolitana - Viação Alvorada; Rodoviária de Lisboa; T.S.T. - Transportes Sul do Tejo; Alsa Todi - cujos serviços custam, anualmente, 270 milhões de euros. “A TML só remunera os operadores pelos serviços feitos”, garantiu o administrador, lembrando que os operadores só recebem pela distância percorrida, podendo subcontratar até 30% dos quilómetros feitos..Outubro com 17 milhões de passageiros.Segundo o administrador da TML, há mais de 1700 autocarros nos 18 munícipios da AML, com quatro operadores a transportar cada uma média aproximada de 70 mil pessoas por dia. Outubro trouxe o “recorde” de 17,06 milhões passageiros - o pico foi no dia 10 (688 mil utentes) mas a média . O nível dos serviços planeados feitos ronda os 98%. O tempo e o trânsito influenciam muito os serviços, mas não só. “Não me parece que a AML tenha condições físicas [infraestruturas] para chegar aos 99%”, disse Rui Lopo.