Cabaz de alimentos essenciais já com IVA custa menos cinco euros
Leonardo Negrão/Global Imagens

Cabaz de alimentos essenciais já com IVA custa menos cinco euros

Há uma tendência de descida nos preços do cabaz de 41 produtos essenciais monitorizado pela Deco Proteste. Mas há produtos com subidas históricas e, numa análise mais alargada, de 63 produtos, entre a véspera do início da guerra na Ucrânia e o dia 7 de fevereiro deste ano, este conjunto custa mais 54 euros. 
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Um cabaz com 41 alimentos essenciais, onde se inclui produtos como frango, peru, carapau, cebola, batata, leite e arroz, entre outros, custa atualmente 145,32 euros, menos 4,61 euros (quase cinco euros) do que a 10 de janeiro, quando já estava em vigor a taxa de 6% nos bens essenciais. Desde 5 de janeiro, quando foi reposto o IVA nos produtos mais relevantes para a dieta alimentar portuguesa, que a evolução dos preços tem apresentado alguma inconstância, mas a tendência aponta agora para uma descida, conclui-se pela análise dos dados fornecidos pela Deco Proteste.

O barómetro realizado por esta empresa permite verificar que o primeiro impacto do fim do IVA Zero, medida que visou apoiar as famílias num momento de forte escalada da inflação, foi de aumento de preços. Nos primeiros cinco dias, o custo do cabaz de 41 alimentos registou uma subida de quase sete euros, mas a partir daí tem vindo a descer. A exceção foi a última semana do mês passado, quando aumentou pouco mais de um euro. É uma trajetória que poucos esperavam. Ainda assim, o cabaz está mais caro dois euros quando comparado com os 143,28 euros que custava nas vésperas do fim do IVA Zero.

O azeite virgem extra é o produto que mais tem encarecido. Na véspera do fim da medida governamental custava 7,52 euros e esta quarta-feira já apresentava um preço de 11,91 euros, ou seja, mais 58%. Entre os alimentos cujo preço aumentou de forma significativa desde 4 de janeiro destaca-se o iogurte líquido (mais 30%), a alface frisada (29%), a curgete (27%) e os brócolos (26%).

 Já a análise da Deco Proteste à última semana (31 de janeiro a 7 de fevereiro) permite verificar um incremento de 14% no valor do iogurte líquido, de 13% no azeite virgem extra, de 8% nas ervilhas congeladas e de 6% no esparguete e pão de forma. De sublinhar que num espaço de um ano, terminado a 3 de janeiro de 2024, o custo deste cabaz de 41 bens essenciais teve um incremento de quase dez euros.

Aliás, quando o Governo avançou com a medida do IVA Zero para 46 produtos para combater o efeito da inflação nos rendimentos das famílias, o preço do cabaz analisado pela Deco Proteste ainda não tinha atingido os valores a que estão hoje. Segundo os dados desta empresa, foi a 15 de março do ano passado que se registou o preço mais elevado, 142 euros, tendo a partir desta data entrado numa trajetória ligeiramente descendente.

Efeitos da guerra

O início do conflito entre a Ucrânia e a Rússia, a 24 de fevereiro de 2022, teve um impacto significativo na evolução dos preços dos bens alimentares. Afinal, a Ucrânia é o maior exportador mundial de óleo de girassol, o terceiro maior exportador de cevada, o quarto maior de milho e o quinto maior de trigo. Os preços dos alimentos, que já subiam desde meados de 2020 (ano da pandemia), dispararam.

Segundo a análise da Deco Proteste a um conjunto de 63 produtos, entre a véspera do início da guerra e o dia 7 de fevereiro deste ano que o preço deste cabaz mais alargado registou um incremento de 53,4%, ou seja, custava 183,63 euros a 23 de fevereiro de 2022 e agora para adquirir estes bens são necessários 237,98 euros. Os maiores aumentos registaram-se nos artigos de mercearia, que subiram neste espaço temporal quase 19%, e no peixe, que encareceu 16%. Também o preço da carne conheceu uma subida de 8,3% e a fruta e legumes de 5,7%.

Neste cabaz de 63 produtos verificou-se que alguns apresentaram uma subida de custo histórica no último ano. Entre 8 de fevereiro de 2023 e a última quarta-feira, o azeite virgem extra aumentou 78%, os cereais subiram 57%, as salsichas Frankfurt dispararam 46%. A lista continua: mais 21% nos flocos de cereais e nas cebolas, 20% na maça golden, 17% no iogurte líquido, 16% na batata vermelha.

sonia.s.pereira@dinheirovivo.pt

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