Mário Centeno, governador do Banco de Portugal.
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal.Leonardo Negrão

Após um ano de alívio, dívida pública está a subir há quatro meses seguidos

Evolução em janeiro "refletiu sobretudo acréscimo dos títulos de dívida (3,1 mil milhões de euros), maioritariamente de longo prazo, e dos certificados de aforro", diz o BdP.
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O valor nominal da dívida pública portuguesa registou uma subida de quase 2% em janeiro face a igual mês de 2024, naquele que é o quarto aumento consecutivo após um ciclo de alívio que durou 12 meses, indicam contas do DN a partir de dados novos publicados pelo Banco de Portugal, esta segunda-feira.

Em janeiro de 2025, a dívida pública, na ótica de Maastricht, a que conta para a avaliação sobre o cumprimento das regras do Pacto de Estabilidade e das agências de ratings, "aumentou 3,6 mil milhões de euros, para 274,3 mil milhões de euros", diz o banco central governado por Mário Centeno, a entidade responsável pelo apuramento deste indicador.

Trata-se de um aumento de 1,8% que se vem juntar às expansões de 3,4% de dezembro passado, de 0,9% em novembro e de 0,2% em outubro. Antes disto, o valor nominal da dívida esteve a cair de forma consecutiva desde outubro de 2023, ou seja, um ano completo, segundo os mesmos cálculos do DN.

Estes quatro meses de subidas fizeram aumentar o nível da dívida pública em mais de 2 mil milhões de euros.

Em todo o caso, o rácio da dívida, o indicador que mede o peso do endividamento no valor nominal anual do Produto Interno Bruto (PIB) tem estado a cair, até porque o crescimento da economia tem sido mais forte do que o esperado.

"Considerando a estimativa do produto interno bruto (PIB) para 2024, a dívida pública situava-se, no final do ano, em 95,3% do PIB, o que representa uma redução de 2,6 pontos percentuais relativamente ao final de 2023", revelou o BdP no início do mês passado.

No entanto, há sinais de que o endividamento está a subir novamente, ainda que de forma moderada.

Aquele aumento de 1,8% do valor da dívida em euros no início deste ano não é muito significativo, mas é o maior num mês de janeiro desde 2021, quando a subida homóloga chegou a 7%.

"Esta evolução refletiu sobretudo o acréscimo dos títulos de dívida (3,1 mil milhões de euros), maioritariamente de longo prazo, e dos certificados de aforro [cerca de 400 milhões de euros]", explica o BdP. Títulos de dívida de longo prazo são, basicamente, Obrigações do Tesouro.

O Banco de Portugal mostra ainda que o nível de poupança do setor público tem estado a cair de forma persistente desde o início de 2024, algo que ajuda a fazer descer a dívida.

A rubrica "depósitos" é o valor das almofadas de liquidez do governo e, tecnicamente, são considerados parte da dívida bruta.

Segundo o BdP, em janeiro, o volume de depósitos subiu ligeiramente. "Os ativos em depósitos das administrações públicas totalizaram 13,4 mil milhões de euros", o que corresponde a um aumento de 100 milhões de euros relativamente ao final de 2024.

Mas mesmo sem esta subida dos depósitos, a dívida subiu na mesma. "Deduzida desses depósitos, a dívida pública subiu 3,5 mil milhões de euros, para 260,9 mil milhões de euros", refere o Banco.

(atualizado às 12h00)

Banco de Portugal

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