Alfândegas travam exportações
de drones portugueses
Reinaldo Rodrigues

Alfândegas travam exportações de drones portugueses

Portugal já dá cartas no fabrico de drones para as Forças Armadas. Há até uma empresa nacional a fornecer a Ucrânia desde o início da guerra.
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A Beyond Vision, fabricante portuguesa de drones, tem enfrentado muitas barreiras na exportação, que vale 95% das suas receitas. "Uma das maiores dificuldades são as questões com as alfândegas portuguesas", disse esta segunda-feira Pedro Lousã, responsável pelas operações e pelo departamento de eletrónica da empresa, na conferência Land Defence Industry Day, evento promovido pelo Exército e que decorreu em V. N. de Gaia. "Serviço muito lento, completamente imprevisível e ineficaz que nos tem feito perder eventos e negócios", frisou. Pedro Lousã revelou que não conseguiu levar um drone policial a uma feira no Brasil, tendo a empresa sido obrigada a promover o produto com o stand vazio. A Beyond Vision tem ganho concursos para o fornecimento de drones da Marinha e do Exército português.

A Tekever é outro exemplo de uma fabricante portuguesa de drones que trabalha para o setor da defesa nacional, e também para mercados externos. Segundo Pedro Petiz, diretor da empresa, "Portugal já é conhecido como centro de excelência" neste setor. A Tekever tem na Ucrânia o seu maior mercado na defesa. E esta ligação permitiu à empresa implementar, nestes últimos dois anos e meio, mais de 100 micro evoluções nos drones que fornece à Ucrânia. Como frisou no âmbito do painel "Sistemas não tripulados, OEM [Original Equipment Manufactures]", a Tekever tem conseguido acompanhar o cliente na linha da frente e isso tem permitido atualizar o equipamento de acordo com as necessidades no terreno.

Já a Atlos, marca do grupo CME de veículos autónomos industriais, ainda não fechou nenhum contrato com as Forças Armadas portuguesas, mas acredita ter um papel a desempenhar no setor da defesa. Como disse André Pardal, responsável da Atlos, "achamos que a nossa tecnologia pode servir o Exército português". A título de exemplo refira-se que a Atlos forneceu veículos autónomos, 100% elétricos, à Continental Mabor. Estas soluções podem transportar cargas de 30 toneladas. Como frisou o responsável, este sistema de transporte é "relevante numa altura em que a mão de obra é escassa". O veículo cumpre a missão atribuída sem qualquer intervenção humana.

A UAVision já fornece a Marinha, a Força Aérea e, mais recentemente, o Exército. Nuno Simões, CEO da empresa, sublinhou que estes fornecimentos "têm sido uma mais valia para o desenvolvimento de produtos". Segundo adiantou, a empresa ganhou o desenvolvimento de um drone aéreo para Itália "dada a experiência com as Forças Armadas". Para este responsável, Portugal tem uma indústria muito vocacionada para o fabrico de peças e componentes e precisa de começar a fazer sistemas, para atingir uma verdadeira supremacia tecnológica. 

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