Abriram 150 novas lojas no Porto. Sete em cada dez foram restaurantes
O crescimento contínuo do turismo está a impulsionar a atividade da restauração no Porto. No ano passado, foram inaugurados 150 novos espaços comerciais, 69% dos quais por negócios de restauração, revela Mário Jacob, head da Cushman & Wakefield (C&W) no Porto. Marcas internacionais como a Starbucks e a Honest Greens reforçaram a sua presença, mas também chegaram outras como a basca Imanol. O Time Out Market, na estação de comboios de S. Bento, com uma oferta de 16 marcas gastronómicas, foi outra das estreias. Neste piscar de olho aos turistas, a opção pela Baixa da cidade foi dominante, tendo esta zona agregado 86% da nova oferta de retalho.
Como salienta Mário Jacob, “a localização continua a ser o fator-chave na estratégia de expansão das marcas”. E as internacionais têm especial interesse nos centros urbanos, onde o movimento turístico e empresarial é grande. Não se coíbem de esforços financeiros para assegurar o melhor local e essa disponibilidade tem impacto na evolução dos preços do arrendamento comercial. Soma-se ainda a pouca oferta disponível. Em 2024, o preço do metro quadrado na Baixa do Porto aumentou 5 euros face ao ano anterior, para 82,5 euros/mês.
O número de turistas que a região do Porto tem recebido não será alheio a esta procura de espaços comerciais no centro da cidade. No ano passado, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro registou um movimento de quase 16 milhões de passageiros, um crescimento homólogo de 4,8%. Este fluxo mantém animado o investimento do setor hoteleiro na cidade. Segundo Mário Jacob, estão previstos 10 novos hotéis até 2027, num total de 640 quartos. No ano passado, abriram 15 unidades, reforçando a oferta em mais de 780 quartos.
Este ambiente acaba por trazer investidores interessados em ativos hoteleiros, com foco nos premium, e até disponíveis a conceder prémios a projetos que respeitem as políticas ESG (Environmental, Social and Governance, ou seja, práticas ambientais, sociais e de boa governança nas empresas), diz Jacob. Ainda há poucas semanas, a fDi Intelligence, uma publicação do Financial Times, voltou a eleger o Porto como Melhor Cidade Europeia do Futuro na captação de investimento estrangeiro, na categoria das grandes cidades.
Uma distinção que esbarra na falta de oferta em segmentos como os escritórios e a indústria e logística. Segundo Mário Jacob, o mercado de escritórios do Grande Porto registou um volume de absorção superior a 76 mil metros quadrados em 2024, o segundo melhor resultado neste indicador de que há registo (o recorde foi em 2018). A C & W esteve envolvida na mediação de mais de 17 mil metros quadrados (33% do total).
Apesar de os promotores imobiliários terem colocado no mercado quase 46 mil metros quadrados de novos escritórios no ano passado, 21% estarem ainda por ocupar, e estarem em construção mais de 100 mil, a oferta de espaços modernos e eficientes mantém-se limitada e não acompanha a procura, considera o responsável.
Na zona prime do Porto, o custo da renda mensal acabou por traduzir a pouca disponibilidade de produto e subiu para os 21 euros por metro quadrado. “O Porto continua a afirmar-se como um destino privilegiado para centros de serviços partilhados e projetos estratégicos de multinacionais.” Atualmente, a região está a sentir a procura crescente por empresas de setores emergentes, especialmente as ligadas às ciências da vida. O contexto é de pressão e, por isso, é expectável que as rendas mantenham um ritmo ascendente.