Taxa extra sobre elétricas depende de decisões dos 27

Medida recomendada por Bruxelas visa lucros inesperados, mas só vale até final de junho. Finanças dizem que avaliação será feita com governo e parlamento novos.
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O novo governo, que deverá tomar posse para a semana, vai avaliar a introdução de tributação extraordinária ao setor elétrico por lucros inesperados que resultam da escalada de preços na energia com base no quadro que, entre hoje e amanhã, em Conselho Europeu, os 27 decidirem para conter subidas. Portugal, com outros países do Sul, tem defendido a intervenção nos mercados grossistas, propondo tetos máximos ao preço do gás utilizado na geração de eletricidade.

A recomendação para tributação extraordinária a "certos produtores de eletricidade" foi feita pela Comissão Europeia (CE) no início deste mês, na comunicação da proposta REPowerEU, que deverá ser finalizada em maio e discutida até amanhã na cimeira de líderes europeus. A ideia é captar novas receitas fiscais que ajudem a suportar as despesas que os Estados-membros serão obrigados a fazer para apoiar famílias e empresas após a invasão russa da Ucrânia.

Para Portugal, a opção também está na mesa. O Ministério de Finanças responde ao DN/Dinheiro Vivo que "a avaliação destas medidas, em torno de cenários de manifesta incerteza e volatilidade, depende do quadro de medidas de emergência efetivamente implementado pelas instituições europeias, e , posteriormente, da avaliação de cada Estado-membro". Esta avaliação, adianta, depende, em primeira linha, das decisões a tomar a nível europeu "e, subsequentemente, da avaliação pelo novo executivo e pelo novo parlamento, em linha com o calendário político interno".

As orientações europeias já estabelecem as balizas temporais da medida fiscal. Nomeadamente, só poderá ter efeitos até final de junho, e nunca de forma retroativa, o que encurta a janela legislativa de um parlamento que só na próxima semana estará instalado, e que tem para avaliar um novo programa de governo, uma proposta de Orçamento e outras medidas para responder à crise energética - como a redução do IVA dos combustíveis para 13%.

Entretanto, são várias as propostas avançadas pelos Estados-membros para conter preços no mercado da eletricidade - todas elas com inconvenientes, segundo avaliação feita ontem pela Comissão Europeia. A proposta de tetos ao preço do gás, que tem reunido Portugal, Espanha, Itália e França em discussões, tem como desvantagens os custos de suportar o pagamento de diferenciais a preço de mercado, a possibilidade de haver distorção da concorrência ou perturbações de mercado, assinala Bruxelas.

Estão também na mesa compras europeias conjuntas de energia, reduções de IVA, apoios aos rendimentos e ajudas às empresas. Bruxelas autoriza desde ontem auxílios temporários que poderão chegar a 50 milhões de euros para grandes consumidores de energia, e até aos 400 mil euros nas restantes atividades. O governo português deverá acionar novas linhas de crédito e ajudas diretas, mas a indústria dá nesta altura prioridade à recuperação do mecanismo de lay-off simplificado.

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