Sir Horta Osório. O banqueiro tenista que aos 29 já era CEO e tirou o Lloyds da falência
Ainda não tinha terminado a licenciatura em Gestão e Administração de Empresas, na Universidade Católica, e já o Citibank o tinha "caçado" para trabalhar no banco. Corria o ano de 1987. António Horta Osório, nascido a 28 de janeiro de 1964, tinha então 23 anos. Já a trabalhar na banca, conclui o mestrado e a gigante Goldman Sachs recruta-o.
O Santander descobre-o em 1993 e ajuda a criar, de raiz, o Banco Santander de Negócios Portugal. Aos 29 anos, passa assim a ser o mais jovem presidente de um banco em Portugal. A carreira não passa despercebida e o então presidente do grupo, Emilio Botín, promove-o e passa a gerir, também, o Santander no Brasil.
Comprando o Totta e o Crédito Predial à Caixa-Geral de Depósitos, no final do processo de venda do grupo financeiro de António Champalimaud, António Horta Osório entra assim para a elite da banca portuguesa. Em 2002, explicava, em entrevista ao DN, que o crescimento de lucros do banco em 34% se resumia a uma "estratégia fácil de dizer, mas difícil de executar", apostando em "produtos estratégicos, nos fundos de investimento, seguros, contas-poupanças e produtos estruturados."
Os brilharetes nos bancos nacionais continuavam e o banqueiro - tenista nos tempos livres - começou a ser requisitado também lá fora. Primeiro em 2004, quando foi convidado para administrador não-executivo do Abbey National, recém-adquirido pelo Santander. Dois anos depois, assumia a presidência-executiva.
Em 2010 assume a presidência do Lloyds Banking Group que, em entrevista ao Dinheiro Vivo / TSF, assumiu estar pior do que se pensava. Havia, revelou, "um problema financeiro muito sério, ao mesmo tempo que tinha um nível de capital tão baixo" que o Estado inglês avisou "que não poria mais uma libra no banco". Um ano depois, interrompe temporariamente a carreira por causa de um esgotamento nervoso. Tudo devido ao estado em que estava o banco inglês. "Quando estamos no topo de uma instituição há certas coisas que não podemos partilhar e guardar para mim esses problemas fez-me dormir cada vez menos. Ao fim de alguns meses não dormi mesmo durante três noites seguidas", contou a Francisco Pinto Balsemão no podcast Deixar o Mundo Melhor, publicado em junho deste ano.
Apesar do burnout, a gestão presidida de António Horta Osório conseguiu salvar o banco britânico, que deixou em abril de 2021. Mas a saída não foi sem destino anunciado: em dezembro de 2020, o Credit Suisse anunciou que o português iria suceder a Urs Rohner como presidente do banco. Tornou-se, assim, no primeiro presidente do Credit Suisse sem nacionalidade suíça.
Em 2021, Horta Osório passou também a ser Sir, tendo sido nomeado pela própria Rainha Isabel II, como forma de agradecimento pelos serviços de filantropia na área da saúde mental e cultura. Sportinguista convicto (ou não fosse ele neto de um ex-presidente do clube de Alvalade), tenista nos tempos livres e pai de três filhos, António Horta Osório estará presente esta sexta-feira na tertúlia Portugal e a Europa em 2023 (17.30, no Museu de Marinha, em Lisboa), que arranca as comemorações dos 158 anos do DN.