Robôs põem 190 mil empregos em risco só no Norte

Apenas a requalificação de trabalhadores pode salvar postos de trabalho, defende a CIP. Têxtil é a indústria que arrisca maiores perdas.
Publicado a

A digitalização da economia vai levar à perda de 421 mil postos de trabalho nos próximos 11 anos só na região Norte; nesse período, serão criados 227 mil empregos. Contas feitas, há 194 mil empregos em risco até 2030 por causa dos robôs. E que só poderão ser salvos com a requalificação, defende a CIP - Confederação Empresarial de Portugal.

A manufatura é atividade mais ameaçada na região: há 90 mil empregos em risco por causa da digitalização da indústria, calcula a CIP num estudo elaborado pela Nova Business School e que será apresentado hoje na AEP. A nível nacional, há 261 mil postos de trabalho que deverão ser perdidos.

"As tarefas mais repetitivas, como as da indústria, são as mais ameaçadas pela digitalização", refere António Saraiva, presidente da CIP, ao Dinheiro Vivo.

Metade dos empregos em risco na indústria pertencem ao setor têxtil. "Há cenários em que a requalificação não é possível. Com o fim desta geração, não haverá sucessão de costureiras", avisa Paulo Vaz, presidente da ATP, a associação da indústria. E a realidade é que o têxtil "tem de apostar na automação para aumentar a produtividade".

O cenário é diferente na saúde e apoio social: prevê-se que sejam criados mais de 15 mil empregos no Norte - serão 51 mil a nível nacional; segue-se a área da construção, com mais de 10 mil postos de trabalho a caminho.

Requalificação urgente

Só no Norte, um total de 234 mil pessoas terá de ganhar novas competências, o que corresponde a 14%da força de trabalho do país. A transformação dos trabalhadores será crucial no Norte do país, considerando que 65% dos empregados só têm o 9.º ano.

A requalificação deve ser maioritariamente financiada pelas empresas, "as maiores beneficiadas" pelo processo, lembra António Saraiva. Mas lembra que o Estado "não se pode demitir deste papel e cabe-lhe canalizar verbas comunitárias para apoiar mais programas de qualificação".

A nível nacional, há 700 mil funcionários que terão de ganhar novas competências até 2030.

No Centro, há 134 mil trabalhadores que serão forçados à reconversão profissional. Se nada for feito nesta região, a agricultura e a manufatura são os setores que poderão registar mais perdas.

No Sul, a exigência de requalificação deverá impor-se a 27 mil trabalhadores, sobretudo nas áreas da hotelaria e das funções administrativas.

E as vantagens da requalificação vão sentir-se no final do mês: calcula-se que um trabalhador com educação superior ganhe, em média, mais 400 euros por mês do que um trabalhador com ensino secundário.

Diário de Notícias
www.dn.pt