Preço da fruta dispara 20% desde o início da pandemia
Tem sido uma exceção na queda generalizada dos preços dos bens e serviços em Portugal. Os preços dos bens alimentares têm mantido uma tendência de subida nos meses a seguir ao início da pandemia, mas o caso mais extremo é o da fruta.
De acordo com os cálculos do DN/Dinheiro Vivo com base nos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre o índice de preços no consumidor (IPC) de outubro, o preço da fruta aumentou 19,8% desde março, primeiro mês em que já houve medidas de restrição na economia.
O preço da fruta depende muito da época do ano, mas, para 2020, essa explicação não está a acompanhar a realidade. "Devido à sazonalidade existente nos preços na fruta, é habitual o IPC desta categoria ser superior em outubro em relação a fevereiro/março", começa por indicar o INE em resposta às questões do DN/Dinheiro Vivo. "Contudo, em 2020, verificou-se um aumento mais forte do que nos anos anteriores", reconhece o gabinete de estatística.
Os técnicos do INE sublinham que "o aumento de preços é generalizado nos produtos que compõem a categoria 'fruta', com aumentos mais significativos nos citrinos, em todas as regiões do país".
Mas mesmo comparando com outubro do ano passado, regista-se uma subida de 16,4% neste grupo de consumo, o que mostra a dinâmica do preço destes produtos.
Os dados do INE mostram um comportamento diferenciado entre as várias categorias dos bens alimentares. Se a fruta registou uma subida significativa, houve outros que tiveram aumentos mais modestos, ou mesmo descidas.
Mas começando pelos aumentos, na categoria de produtos alimentares não transformados - que incluem os frescos, grosso modo -, a variação homóloga mostra acréscimos assinaláveis. "O agregado relativo aos produtos alimentares não transformados registou uma variação homóloga de 4,5% em outubro (valor superior em 0,3 p.p. ao registado no mês precedente)", indicou o INE no destaque publicado na semana passada.
Comparando com o período anterior à pandemia, nesta categoria verifica-se um aumento de 2,6% ao longo destes oito meses de crise sanitária.
Outra categoria que verificou aumentos foi a saúde, das poucas com uma variação homóloga positiva. O índice de preços no consumidor aumentou 1,4% em outubro deste ano, face ao mesmo mês de 2019. Dentro deste grupo, registou-se uma subida de 2,1% nos preços dos produtos farmacêuticos e de 1,9% nos serviços de medicina dentária.
Em outubro, a inflação manteve-se em terreno negativo, com um valor de -0,1%.
Paulo Ribeiro Pinto é jornalista do Dinheiro Vivo