Pandemia deixou os 'bilionários' mundiais ainda mais ricos
A riqueza dos bilionários [com fortunas superiores a mil milhões de dólares] do mundo atingiu níveis recordes neste ano, apesar da crise global do coronavírus
No final de julho, a riqueza acumulada dos bilionários mundiais [billion dollar men, com fortunas superiores a mil milhões de dólares], era de cerca de 10,2 triliões de dólares [na escala norte-americana], o equivalente a 8,66 biliões de euros, de acordo com um relatório do banco suíço UBS e da gigante da contabilidade PricewaterhouseCoopers.
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Essa verba excedeu o anterior recorde anterior, que era de 8,9 triliões de dólares, registado em 2017.
Este inventário das fortunas dos super-ricos identificou 2.189 bilionários no final de julho - 31 a mais do que em 2017.
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O relatório observou que a crise do coronavírus acelerou uma tendência neste clube seleto de milionários, que está a ver os empresários "inovadores e disruptores" nos setores de tecnologia, saúde e indústria superarem aqueles cujas fortunas estão alocadas em áreas mais tradicionais, como entretenimento ou imobiliário.
Uma realidade que já motivou várias críticas, num momento de dificuldades económicas provocadas pela pandemia de covid-19.
"Os bilionários estão a sair-se muito bem na pandemia # Covid_19, cidadãos comuns têm dívidas, empresas estão a fechar, o desemprego a disparar, pessoas a sofrer e a fazer enormes sacrifícios enquanto os mais ricos do mundo riem-se a caminho do banco!", escreveu Angela Rayner, vice-líder do Partido Trabalhista da Grã-Bretanha, na rede social Twitter.
Billionaires doing very nicely out of the #Covid_19 pandemic, ordinary people left with debt, businesses collapsing, unemployment rocketing, people suffering and making huge sacrifices whilst the worlds richest laugh all the way to the bank! https://t.co/Ev0lAgXlIQ
O relatório, no entanto, também salienta que os bilionários "doaram mais do que nunca em poucos meses".
Fortunas estão a polarizar-se
De acordo com o relatório, a pandemia inicialmente teve um impacto negativo sobre os bilionários, que viram a riqueza cair 6,6% em fevereiro e março, enquanto o mundo temia o colapso económico.
Um crash dos mercados de ações, em março, fez mesmo com que alguns nomes caíssem fora do clube dos bilionários, antes de uma forte recuperação nas ações de tecnologia e saúde começar a inverter a tendência.
Desde aí, a riqueza do clube dos bilionários recuperou 27,5%, entre abril e o final de julho.
"As fortunas estão a polarizar-se, com os inovadores e disruptores das novas tecnologias a liderarem a revolução económica atual", diz o relatório.
"A crise da Covid-19 apenas acentuou essa diferença" com outros bilionários que estão "do lado errado das tendências económicas, tecnológicas, sociais e ambientais" e estão a perder terreno entre os mais ricos.
O relatório aponta, por exemplo, o inovador sul-africano Elon Musk, cujas empresas Tesla e SpaceX "são, respetivamente, pioneiras no mercado de carros elétricos e viagens espaciais privadas".
De acordo com a Forbes, Musk juntou-se brevemente ao seleto grupo de homens com fortuna superior a 100 biliões de dólares em agosto, quando o preço das ações da Tesla disparou.
Também destacado no relatório é o nome de Zhong Huijuan da China, uma ex-professora de química com fortuna superior a 20,4 biliões de dólares desde que a sua empresa farmacêutica Hansoh Pharmaceutical foi colocada em bolsa no ano passado.
Ao longo de 2018, 2019 e os primeiros sete meses de 2020, as fortunas dos bilionários no setor de tecnologia aumentaram 42,5%, colocando sua fortuna acumulada em cerca 1,8 triliões de dólares.
Também em alta estão os bilionários do setor de saúde, que registaram um aumento de 50,3%, com uma fortuna acumulada estimada em 658,6 biliões de dólares. Estes foram "impulsionados por uma nova era de descoberta de medicamentos e inovações em diagnósticos e tecnologia médica, bem como, mais recentemente, tratamentos e equipamentos para a Covid-19", explica o relatório.
Em comparação, o património líquido dos bilionários em setores como entretenimento, imobiliário e serviços financeiros não aumentou mais de 10%.