Marques Mendes. Vivemos num mundo de incertezas
Para o conselheiro de Estado, a Europa e Portugal estão a atravessar um ponto de viragem. A resposta a cenários incertos, como a "nova" liderança europeia será determinante, até para a sobrevivência do projeto Europa.
A pandemia mostrou que a resiliência das empresas é um importante fator de estabilidade social, afirmou Marco Galinha, CEO do grupo BEL, na manhã desta quinta-feira na conferência "Pandemia, e depois? A sustentabilidade como resposta". Um evento que, por um lado pretende servir de comemoração aos 20 anos de existência do grupo português, mas também um momento de reflexão sobre o que vai mudar no mundo e que caminho teremos de tomar.
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E a sustentabilidade não é só o caminho para qual todos, pessoas, empresas, governos, têm de se dirigir, mas, também, e na opinião de Marco Galinha, uma oportunidade para a Europa não só travar o seu próprio combate no que concerne às alterações climáticas - sendo que não é o continente principal emissor de gases de efeito de estufa - e de, simultaneamente, liderar pelo exemplo.
Marques Mendes, conselheiro de Estado, fez uma análise da situação mundial, realçando que vivemos numa época de incertezas e que essas incertezas terão consequências políticas, económicas e sociais. Desde logo a incerteza política derivada da mudança estratégica dos Estados Unidos. Uma ação que pode ter consequências não só ao nível do plano político, mas também em termos da economia mundial. Já na Europa Marques Mendes salientou o vazio expectável após a saída de Angela Merkel. Trata-se de uma figura que, nos últimos 16 anos, assegurou uma liderança europeia forte, coerente e consistente. Algo que, para o conselheiro, será muito difícil de substituir.
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Marco Galinha, presidente do Conselho de Administração da Global Media Group e CEO do grupo Bel.
Por outro lado, recorda Marques Mendes, não nos podemos esquecer que a pandemia está controlada (pelo menos na Europa) mas não acabou. Em África, por exemplo, menos de 10% da população tem a vacinação completa. O que acarreta um grave risco para a saúde pública com a possibilidade de aparecimento de novas estirpes, mais perigosas que as atuais.
É neste quadro de incertezas que Marques Mendes acredita que a Europa (e Portugal) enfrenta quatro desafios. Por um lado é fundamental a criação de uma Política Europeia da Saúde - e a reação à pandemia, com a compra conjunta de vacinas foi um bom exemplo do que pode e deve ser feito. Por outro lado o tema das migrações e dos refugiados irá regressar e em força e é um tema que a Europa tem de tratar com cuidado dado que é um tema fraturante e, talvez, o único que pode colocar em causa o projeto Europa. Há ainda o desafio do Pacto Ecológico Europeu e a forma como Portugal irá gerir e implementar os fundos europeus - são 62 mil milhões de euros, alocados a três programas. É certo que, segundo Marques Mendes, Portugal já fez alguns erros na gestão dos fundos já recebidos. Por isso o que agora tem de fazer - com os novos fundos - é minorar os riscos e ultrapassar os erros já feitos.