Livreiros perderam 4 milhões num mês e Marcelo cedeu
Os livros vão voltar a ser vendidos nos super e hipermercados já a partir de dia 15, quando entra em vigor o 11.º estado de emergência. Para a decisão pesou a reunião do setor dos livros com o Presidente da República, que foi sensibilizado para as perdas deste primeiro mês com novo confinamento. Só em janeiro, foram 4 milhões.
"Foi tida uma audiência com o Presidente, na qual expusemos a necessidade de ter os livros disponíveis nos pontos de venda que podem estar abertos e também de abrir as livrarias o mais brevemente possível - ou pelo menos a venda ao postigo", adianta ao DN/Dinheiro Vivo a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL).
No anterior e no atual estado de emergência, superfícies de retalho alimentar, papelarias e tabacarias, espaços multiproduto como é o caso da Fnac e do El Corte Inglés, estavam proibidos de vender livros. O decreto publicado nesta quarta-feira por Marcelo Rebelo de Sousa indicou essa como uma das poucas alterações a introduzir no próximo estado de emergência. E o primeiro-ministro, António Costa, confirmou-a ontem. O governo "está proibido de proibir a venda de livros" em espaços como os supermercados, disse.
"O regresso dos livros a todos os pontos de venda que estão abertos (é importante perceber que, dentro destes, os mais importantes são os multiproduto como a Fnac e as tabacarias/papelarias) poderá ser uma pequena boa notícia", disse ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial da APEL ainda antes da comunicação do primeiro-ministro e da publicação da resolução do Conselho de Ministros. É preciso agora "analisar o documento do executivo".
A associação nota que é "fundamental" perceber quando é que as livrarias poderão reabrir ou ao menos vender ao postigo. "As redes livreiras e livrarias são o canal mais importante e estarem ainda fechadas traduz-se num problema enorme para o setor. Por isso, apesar desta pequena boa notícia, urge perceber quando as livrarias irão abrir e que apoios específicos podem ser realizados tendo em conta que o canal livreiro se encontra fechado", acrescenta.
A APEL já tinha admitido que a decisão que vigorou entre 15 de janeiro e 14 de fevereiro põe em "xeque diversidade e sobrevivência do setor", podendo acentuar as perdas que 2020 já trouxe. No ano passado, o mercado perdeu cerca de 17%. Portugal foi o país na União Europeia que mais perdeu em valor do mercado de venda de livros - e o segundo dos piores só caiu 1%.
Contas feitas, o primeiro mês de 2021 esteve longe de ser animador. "O mercado perdeu nas primeiras quatro semanas do ano (duas de confinamento) cerca de 4 milhões de euros. Quer porque o livro estava interdito nos vários pontos de venda quer porque as livrarias estão fechadas", diz a APEL.
A associação defende agora a urgência de "perceber quando é que o canal de livreiros reabre" e mostra-se "disponível para estudar com o governo as condições e os parâmetros de segurança, num contexto pandémico ainda muito complexo e preocupante".