Hollywood rende-se à história de Elizabeth Holmes, a "próxima Steve Jobs"
Era a menina querida de Silicon Valley, considerada a próxima Steve Jobs, que ia revolucionar o mundo da saúde e tinha arrecadado milhões de dólares junto de investidores. Tudo na história de Elizabeth Holmes soava a incrível. Tinha deixado um curso de Engenharia Química a meio na Universidade de Stanford, aos 19 anos, para ir fundar a Real-Time Cures, que mais tarde mudou de nome para Theranos.
A empresa prometia simplificar o processo de coleta e diagnóstico, permitindo fazer mais de uma centena de testes de despiste de doenças com apenas umas gotas de sangue dos pacientes. O avanço tecnológico era tão grande em relação à concorrência que rapidamente um exército de investidores se juntou à Theranos, que acabou por ser avaliada em nove mil milhões de dólares. Sendo Holmes a dona de metade da companhia, num instante foi parar à lista da Forbes, em 2013, com 30 anos, como a mais jovem mulher multimilionária de sempre.
Só que Elizabeth Holmes e a sua equipa caíram em desgraça quando se descobriu que a sua tecnologia inovadora, afinal, não existia. Pressionada pelos reguladores norte-americanos e no seguimento de uma investigação do Wall Street Journal, publicada dois anos depois, a empreendedora sensação acabou por admitir, em 2016, que tudo não passava de uma mentira. A Theranos perdeu a licença para operar e Holmes foi banida da indústria. Recorreu da decisão e anunciou o lançamento de um novo produto. Pelo meio fechou laboratórios e despediu centenas de pessoas.
Não chegou. No ano passado, Elizabeth Holmes foi formalmente acusada de fraude, juntamente com Ramesh "Sunny" Balwani, ex-presidente da empresa e seu ex-namorado de longa data, soube-se mais tarde. Arriscam-se os dois a 20 anos de prisão, num julgamento que poderá só acontecer em 2020 e que será seguido de perto pelos media e o mundo da tecnologia. Entretanto, ainda no ano passado, a Theranos fechou portas de vez.
Elizabeth Holmes continua a valer milhões, mas agora para a indústria cinematográfica norte-americana que parece rendida à história da menina querida de Silicon Valley, caída em desgraça. O livro "Bad Blood", do jornalista responsável pela investigação do Wall Street Journal, John Carreyrou, inspirou o documentário que a HBO lançou em março deste ano, "The Inventor: Out for Blood in Silicon Valley" e que já está disponível na plataforma portuguesa.
Também a ABC estreou um podcast sobre Elizabeth Holmes, chamado "The Dropout", que a Hulu quer transformar numa série de investigação, com Kate McKinnon, estrela do Startuday Night Live, no papel principal. A atriz tem mostrado grande entusiasmo com o desafio e promete não desapontar os fãs nalgumas das características mais emblemáticas de Holmes: a sua voz rouca, o medo de agulhas ou até o guarda-roupa de camisolas de gola alta pretas, uma imagem de marca inspirada em Steve Jobs.
Contudo, o mais aguardado é mesmo o filme com a biografia de Elizabeth Holmes. Apesar de ainda não ter data de estreia, promete ser uma grande produção, com Jennifer Lawrence a interpretar a fundadora da Theranos. Sabe-se já que o filme será dirigido por Adam McKay (de "Vice" e "A queda de Wall Street"), escrito pelo jornalista John Carreyrou em conjunto com a argumentista Vanessa Taylor (de "A forma da água") e terá um orçamento estimado entre os 40 e os 50 milhões de dólares.