Segurança Social deixa de enviar carta-cheque a 100 mil beneficiários
A carta-cheque da Segurança Social para pagamento do subsídio de desemprego e outras prestações, bem como algumas pensões, vai acabar, afetando cerca de cem mil beneficiários. A Caixa Geral de Depósitos comunicou que não pretende continuar a renovar contrato em condições que considera "penalizadoras". Nos próximos meses, a Segurança Social pretende passar estes pagamentos para os balcões dos CTT. Mas também aqui há dificuldades, com queixas de atrasos devido ao encerramento de muitos balcões.
O Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS) dá conta dos problemas que afetam os pagamentos que ainda não são feitos via transferência bancária - 16% das prestações pagas. No último Plano Estratégico, revela que o único banco que prestava o serviço de carta-cheque denunciou o último contrato que mantinha. Ao mesmo tempo, o fecho de estações de CTT resulta em "dificuldades crescentes na operação de emissão e pagamento de vales-postais".
A Segurança Social garante no entanto que os pagamentos não estão em causa. "Todos os pagamentos a beneficiários de pensões e prestações sociais se encontram e permanecerão totalmente assegurados."
A CGD tem vindo a assegurar desde o início deste ano extensões mensais de serviços e garante que vai mantê-las até que haja alternativa aos levantamentos nos seus balcões, depois de a Segurança Social se ter deparado com um concurso público deserto na procura por um novo banco.
O banco público garante desde 2014 os serviços de carta-cheque de prestações sociais, para beneficiários nacionais e internacionais. Ao DN/Dinheiro Vivo explica que, no entanto, não pretende acabar com o contrato para pagamentos fora do país, no valor de 1,74 euros por transação.
O último contrato de cartas-cheque nacionais, com um valor global estimado em 1,76 milhões de euros (47 cêntimos por transação) data de 2016 e previa a possibilidade de uma renovação anual em 2019, mas acabou por ser denunciado "dadas as condições penalizadoras para a instituição", segundo a CGD.
O IGFSS fala em "constrangimentos ao nível da atividade das agências", "inúmeros casos de fraudes e de adulteração" dos cheques, "com crescente dificuldade de os bancos gerirem o risco operacional e acréscimo de perdas" e, por fim, "o aumento do custo operativo" do serviço.
Segundo o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, estão em causa 2% dos pagamentos ainda realizados através de cartas-cheque. Os pagamentos aos balcões dos CTT constituem 14% do total, mas também eles levantam problemas, com queixas por atrasos e "serviços de menor qualidade" devido ao encerramento de estações.
A Segurança Social diz que o objetivo "é aumentar os pagamentos das pensões e das prestações sociais através de transferência bancária", nomeadamente com ações de divulgação dos serviços mínimos bancários, gratuitos e com acesso a cartão de débito.