Nelson de Souza é o novo ministro do Planeamento
Nelson de Souza, atual secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, é o novo ministro do Planeamento, segundo apurou o Dinheiro Vivo. O nome já tinha sido apontado para várias pastas, mas é na cadeira do Planeamento que vai sentar-se, ficando responsável pelos fundos estruturais comunitários.
António Costa, primeiro ministro, prepara-se para remodelar o governo depois de incluir nas listas do PS às eleições europeias os atuais ministros Pedro Marques e Maria Manuel Leitão Marques (ministra Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa), cujo anuncio oficial será realizado amanhã, sábado.
O Planeamento é uma pasta do ministério de Pedro Marques, que fica assim entregue a Nelson Souza. Já as áreas Infraestruturas, Transportes e Habitação, também dossiers de Marques, passam para as mãos de Pedro Nuno Santos, atual Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares.
Para o lugar de Maria Manuel Leitão Marques, tem sido apontado o nome do Secretário de Estado Adjunto e da Modernização Administrativa, Luís Goes Pinheiro, jurista e militante do PS, muito próximo do primeiro-ministro.
Nos últimos dias especulou-se acerca da saída do governo do ministro do Ambiente, mas fontes próximas do executivo avançam que Costa deverá segurar João Matos Fernandes no lugar, mesmo depois das recentes e polémicas declarações acerca dos veículos a Diesel e que incendiaram o comércio e a indústria automóvel que tem avultados investimentos em Portugal.
Quem é Nelson de Souza, o "senhor PME" que vai tomar conta dos fundos europeus?
Está longe de igualar Pedro Nuno Santos na escala do mediatismo, mas tem argumentos no currículo que justificam o novo cargo.
O nome de Nelson de Souza soará estranho para boa parte do grande público, mais por ausência de tempo de antena de um homem que não é político de profissão do que por falta de experiência e créditos.
Nelson de Souza, Ângelo de primeiro nome, nasceu em Goa em 1954. Veio para Portugal com a família aos sete anos, altura em que o pai, jornalista, foi trabalhar para o gabinete de imprensa da TAP. A infância foi passada na zona da Ajuda.
Tirou o curso de Finanças no Instituto Superior de Economia (ISCEF,) que concluiu em 1975. Entre os companheiros de vida académica estiveram o agora colega de Governo Vieira da Silva, ministro da Segurança Social, mas também Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, ou o economista Augusto Mateus.
Começou a trabalhar ainda antes de terminar os estudos, mas foi em 1977 que chegou pela primeira vez à administração pública, então como técnico do Ministério da Indústria, onde foi subindo degraus até chegar a diretor-geral.
Define-se como um "velho industrialista" e não é por acaso. Antes de chegar a ministro foi gestor do Programa Específico de Desenvolvimento da Indústria Portuguesa (Pedip), um programa europeu que foi criado em 1988 para modernizar o tecido industrial do país.
De todos os cargos que ocupou, garante que foi esse que o marcou mais. "Desenhado há 30 anos por uma pequena equipa que coordenei, preconizava que a sustentabilidade do crescimento dependia da produtividade e esta de fatores de competitividade imateriais como capacidades de I&D e gestão, cadeias de distribuição e modelos de organização do trabalho. Os gaps de produtividade que ainda hoje em dia reduzem a nossa capacidade de crescer reavivam a pertinência das medidas então preconizadas", afirmou numa entrevista dada no ano passado ao Jornal T, da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP).
Na biografia que consta na página oficial do Governo, Nelson de Souza é tido como "um profundo conhecedor do tecido empresarial português, assim como dos programas nacionais e europeus de apoio às empresas e à economia". O novo cargo não lhe deverá meter medo, já que fundos europeus fazem parte do seu vocabulário há décadas. O novo ministro já foi gestor do QREN e administrador do IAPMEI (Agência para a Competitividade e Inovação, I.P).
Antes de entrar para o Governo de António Costa, em 2015, já tinha ganho experiência governativa nos dois mandatos de António Guterres, de quem foi Secretário de Estado das Pequenas e Médias Empresas. Voltou à indústria em 2002, como membro da Comissão Executiva da Associação Industrial Portuguesa (AIP). Na mesma organização foi ainda Diretor-Geral até 2013.
A última experiência profissional antes de assumir funções no XXI Governo, foi como Diretor Municipal de Finanças da Câmara Municipal de Lisboa.
A escolha de Nelson de Souza para a pasta dos Assuntos Europeus acaba por surgir como uma sequência natural do que tem sido a sua carreira. Desde que entrou para o Governo que tem sido o braço direito de Pedro Marques nas gestão do dossier "fundos de Bruxelas", tanto na redistribuição do dinheiro do Portugal 2020 quer na negociação do Portugal 2030.