Huawei nega trabalhar para o governo chinês

O chefe da segurança cibernética da Huawei foi ouvido no parlamento britânico.
Publicado a
Atualizado a

"Não há leis na China que nos obriguem a trabalhar com o governo chinês". A garantia foi dada por John Suffolk, chefe de segurança cibernética da Huawei, durante a audição no comité de ciência e tecnologia do parlamento britânico, que decorreu na segunda-feira. A gigante tecnológica chinesa foi convidada a responder aos deputados britânicos sobre a segurança dos seus equipamentos e as ligações com o governo chinês no âmbito da rede móvel de quinta geração - 5G, escreve a BBC.

Os EUA pressionaram vários países aliados, incluindo Portugal, para não escolherem a Huawei na infraestrutura da 5G acusando a empresa de estar sujeita a cooperar com os serviços de informação chineses.

Os norte-americanos consideram que está em causa a integridade das comunicações e os sistemas nacionais de segurança. No parlamento britânico, o responsável pela cibersegurança da Huawei admitiu que os advogados da empresa foram consultados para averiguar se existia uma lei chinesa sobre cooperação das empresas nacionais com o governo que os obrigassem a trabalhar com os serviços de inteligência.

É, aliás, essa a convicção dos EUA, que proibiu as administrações federais de comprarem serviços e equipamentos à Huawei. O presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu também proibir as exportações de produtos tecnológicos dos EUA para determinadas empresas consideradas de "risco", tendo em vista a Huawei.

"Nós nunca fomos solicitados pelo governo chinês, ou por outro governo, devo acrescentar, a fazer qualquer coisa que enfraquecesse a segurança de um produto", salientou Suffolk perante os deputados do Reino Unido.

Para demonstrar a transparência da empresa, Suffolk disse que a Huawei está "nua perante o mundo". "Preferimos que seja assim porque nos permite melhorar os nossos produtos", afirmou.

O responsável pela segurança cibernética da empresa chinesa foi questionado se a Huawei consegue ter acesso remotamente às redes móveis 5G do Reino Unido através do seu equipamento. "Como não administramos redes não temos acesso a nenhum dos dados que estão a ser executados por essa rede", esclareceu John Suffolk.

A audição do chefe da segurança cibernética da Huawei acontece numa altura em que o Reino Unido se prepara para implementar a tecnologia de rede móvel de quinta geração com a publicação do plano estratégico nacional.

Huawei está a sofrer impacto nas vendas

Entretanto, a Huawei admitiu esta terça-feira que se tornaria a maior fabricante mundial de smartphones, este ano, caso não fossem as "circunstâncias inesperadas" e referiu que a pressão exercida por Washington está a prejudicar as vendas.

"Caso não nos tivéssemos deparado com circunstâncias inesperadas, seriamos número um a nível mundial no quarto trimestre", afirmou Shao Yang, responsável pela estratégia da Huawei, na Consumer Electronics Show, em Xangai.

"Agora, teremos de aguardar um pouco mais", acrescentou, sem se referir diretamente ao presidente norte-americano, Donald Trump, ou à guerra comercial entre Pequim e Washington.

No ano passado, a empresa chinesa ultrapassou a Apple e tornou-se a segunda maior marca de 'smartphones' do mundo, atrás da sul-coreana Samsung, com as vendas a ultrapassarem os 20% e fixarem-se nos 100 mil milhões de dólares.

Shao garantiu que a empresa vai avançar no desenvolvimento da sua própria tecnologia.

"As pessoas olham para a questão do 5G, mas nós vemos além disso", afirmou. "Aqueles que não são corajosos não progridem, ficam para trás", disse.

Com Lusa.

Atualizado às 12:49

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt