Comissão diz que Portugal vai criar muito emprego com salários baixos

"Aumento do salário médio deve ser em parte compensado por forte criação de emprego nos salários abaixo da média", diz a CE
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Portugal vai continuar a ser uma economia relativamente barata do ponto de vista da mão-de-obra e com isso criar mais empregos e fazer descer o desemprego, embora mais devagar.

Assim é porque a economia deve conseguir registar nos próximos anos uma "forte criação de emprego" em segmentos em que os salários estão abaixo da média nacional, diz a Comissão Europeia (CE) no estudo da primavera sobre as economias europeias.

"A folga ainda existente no mercado de trabalho está a diminuir rapidamente e a projeção é de que os salários cresçam gradualmente ao longo do período desta previsão [até 2019] juntamente com o descongelamento das progressões nas carreiras do setor público", começa por observar a CE.

"No entanto, é provável que o aumento do salário médio da economia como um todo seja parcialmente compensado por uma forte criação de emprego em atividades com salários abaixo da média", diz o novo estudo das previsões da primavera, ontem divulgado.

Assim, o desemprego vai continuar a descer. "Após uma melhoria substancial em 2017, espera-se que os indicadores do mercado de trabalho mantenham uma evolução positiva, embora a um ritmo lento."

"Prevê-se que o desemprego diminua de 9% [da população ativa] em 2017 para 7,7% em 2018 e 6,8% em 2019, num ambiente de crescimento adicional do emprego e de uma maior taxa de atividade."

Bruxelas observa que o desemprego português "já está abaixo dos níveis em que estava antes da crise financeira global de 2008, mas ainda está acima do seu mínimo histórico de 5,1% em 2000". Portanto, há margem para melhorar desde que haja investimento e rédea curta nos salários, é essa a ideia de fundo da Comissão.

Isto vai permitir à economia criar emprego nos próximos anos, embora a um ritmo cada vez mais fraco. Depois da expansão de 3,3% de 2017, Bruxelas estima que a economia adicione mais 2,1% de empregos neste ano e outros 1,3% em 2019. Neste indicador, o governo até é mais conservador, já que aponta para uma expansão de 1,9% no número de postos de trabalho em 2018, 1,1% em 2019 e 0,9% no ano seguinte.

De resto, pode dizer-se que o cenário macroeconómico avançado agora pela Comissão está praticamente em linha com o do Programa de Estabilidade. Como já referido, o crescimento da economia é igual (2,3%); a Comissão vê o investimento a ir bem (5,7%), mas mais devagar do que diz o ministro das Finanças, Mário Centeno (6,2%).

Em contrapartida, Bruxelas está mais otimista nas exportações. Avança com uma subida de 6,8%, enquanto as Finanças calculam 6,3%. O consumo privado, que é o maior motor da economia (65% do PIB), evolui de forma ordeira, cerca de 2%, concordam as partes. "Espera-se que o crescimento diminua ligeiramente, mas deve permanecer forte em 2018 e 2019, à medida que as exportações e o emprego continuam a expandir-se", resume a CE.

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