Centeno: Em 20 anos não tinham sido feitas auditorias deste tipo à CGD
Mário Centeno indicou no parlamento que, durante 20 anos, nunca foi feita uma auditoria especial à Caixa Geral de Depósitos aos grandes créditos e imparidades do banco público. "Foram sete governos e oito ministros das Finanças", disse Centeno numa audição parlamentar feita esta quarta-feira a requerimento do PCP.
"Durante os últimos 20 anos houve dezenas de auditorias à CGD. É um banco auditado e as contas estão validadas neste longuíssimo período de tempo por todos os responsáveis, por todos os reguladores e os auditores, quer internos quer externos", explicou o ministro das Finanças.
No entanto, Centeno diz que a auditoria especial pedida à EY é diferente. "É uma auditoria muito específica aos grandes créditos e imparidades". E o ministro defende que "foi a primeira vez em 20 anos que isto foi feito".
O ministro das Finanças afirmou que "ninguém neste governo, e muito menos no ministério das Finanças, tem qualquer problema com a questão da auditoria e das consequências que isso possa ter". E considerou que quando o banco recebeu 1,65 mil milhões de capital em 2012, durante o anterior governo, ninguém quis saber porque é que as perdas se acumularam.
Mário Centeno recordou que foi pedido ao Banco de Portugal que liderasse o processo da auditoria especial à CGD. E indicou que o supervisor liderado por Carlos Costa rejeitou essa tarefa com o argumento de que isso exorbitaria as suas atribuições e competências.
O ministro das Finanças disse aos deputados que instruiu a administração da CGD a enviar a auditoria especial da EY ao Banco de Portugal para que este pudesse apurar eventuais responsabilidades contraordenacionais. "Não fossem, ainda assim, estes acontecimentos serem do conhecimento do supervisor tanto tempo depois", disse.
O governo pediu ainda à CGD para enviar a auditoria da EY para o Ministério Público para se apurarem eventuais responsabilidades criminais. E indicou à administração liderada por Paulo Macedo que se constituísse como assistente no processo e apurasse responsabilidades civis de forma a proteger o seu património.
A auditoria preliminar da EY aos atos de gestão na CGD entre 2000 e 2015, divulgada pela antiga deputada do Bloco Joana Amaral Dias na CMTV, concluiu que a CGD perdeu 1,2 mil milhões em 46 grandes créditos. O relatório indicava que foram concedidos empréstimos contra os pareceres de análises de risco e sem a exigência de garantias. Os maiores problemas foram detetados durante as administrações lideradas por Carlos Santos Ferreira e Faria de Oliveira.