Governo tem abertura para se manter suspensão da disciplina orçamental
Os ministros das Finanças da União Europeia reuniram-se esta terça-feira, em Bruxelas, para avaliar os impactos das sanções contra a Rússia na economia europeia. Apesar do previsível efeito de ricochete, a porta mantém-se aberta a novas restrições.
No entanto, para fazer frente à crise, resultante da guerra na Ucrânia, o ministro português das Finanças, João Leão, defendeu que Bruxelas deve ter abertura para "avaliar" a manutenção da chamada "clausula de escape" que suspende a disciplina orçamental.
O ministro antecipa mesmo que o governo português "inclina-se" para defender o prolongamento da medida ativada pela primeira vez na sequência da crise pandémica, e que deva ser mantida por "mais um ano".
"A nossa inclinação de partida é que se mantenha uma abertura para essa suspensão por mais um ano", afirmou o ministro, apontando para a avaliação que a Comissão Europeia vai realizar "em maio".
"Temos desafios significativos. Não só estamos a recuperar ainda da crise pandémica, como temos o impacto da crise na Ucrânia", vincou o ministro, acrescentando que "ao mesmo tempo" é preciso considerar "o ponto de vista da política do Banco Central Europeu", que está numa situação "também bastante exigente", uma vez que "com uma inflação tão alta, o Banco Central Europeu pode ter menos margem para ajudar a economia nesta fase".
João Leão não exclui que haja um impacto "mínimo" na zona euro, como consequência de um potencial "incumprimento" da parte da Rússia na devolução de empréstimos contraídos junto de bancos europeus, e até mesmo portugueses.
A razão prende-se com o facto de "a Rússia neste momento não ter uma dívida externa muito elevada". "Pelo contrário, [e] a avaliação é que os bancos europeus e portugueses estão numa situação bastante mais sólida e robusta do que antes da crise das dívidas soberanas", disse. Assim, frisou o ministro, "terão capacidade de enfrentar as consequências de dificuldades financeiras na Rússia".
Os ministros mostraram-se mesmo disponíveis para apoiar novas sanções, se assim vier a ser decidido pela diplomacia europeia. "Os países da União Europeia mantêm-se disponíveis para se necessário agravar as sanções sempre com a preocupação de ter o máximo impacto na Rússia", apontou o ministro, com a ressalva de que "ao mesmo tempo" Bruxelas deve "procurar minimizar o impacto na economia europeia".