Gomes Cravinho: Internacionalização da economia é "peça essencial da estratégia do governo para o futuro"
A "nefanda guerra" criada por Vladimir Putin "acrescenta uma camada suplementar de dificuldades" aos desafios da internacionalização da economia portuguesa, disse João Gomes Cravinho esta quarta-feira. O ministro dos Negócios Estrangeiros, que encerrou a quarta conferência anual da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), em Viseu, defendeu o reforço do apoio público às empresas que pretendam "ampliar o leque de mercados de exportação". "As nossas ambições quanto à internacionalização da economia portuguesa têm de passar por um aumento das empresas internacionalizadas", reiterou.
No dia em que a AICEP anunciou os resultados do trabalho desenvolvido nas exportações e na captação de investimento estrangeiro [LINK], Gomes Cravinho fez questão de sublinhar a importância de "focar em sectores e mercados estratégicos" para continuar o crescimento nacional. O presidente da agência pública, Luís Castro Henriques, revelou, entre outros números, que foi atingido o peso de 49% das exportações no PIB no primeiro semestre do ano.
"A internacionalização traz enormes vantagens para a nossa economia. Potenciam as rendibilidades, os ganhos de escala, mitigam os riscos através da diversificação", enumerou o ministro. Existem, contudo, desafios de duas ordens: internos, que se relacionam sobretudo com a qualificação dos recursos humanos e com maior apoio à exploração de novos mercados; e externos, causados pela guerra na Ucrânia e o contexto de abrandamento do crescimento económico global.
O sucesso das empresas além-fronteiras "é um pressuposto claro para todas as projeções económicas do governo" e "uma peça essencial da estratégia" do executivo "para o futuro da nossa economia", assinalou. É preciso, por isso, continuar a apostar na atração de investimento estrangeiro e aumentar o peso das exportações no PIB. Para que seja possível, será importante "reforçar a qualificação e promoção dos territórios potencialmente recetores de investimento", nomeadamente no interior, e "aproveitar as oportunidades" do contexto.
Entre elas, a reorganização das cadeias de abastecimento que, embora não mencionada diretamente por Gomes Cravinho, foi aludida por António Costa durante uma intervenção na conferência da AICEP. "Não há um único veículo na Europa que circule sem pelo menos um componente que tenha sido produzido em Portugal", dizia o primeiro-ministro, referindo-se à forma como países como a Alemanha depositam, cada vez mais, confiança na qualidade dos produtos nacionais.
No entanto, há que considerar as transições energética e digital que estão a mudar o modelo económico. "Quanto à transição digital, esta é a primeira revolução para a qual Portugal não parte em desvantagem", apontou Costa, exemplificando com a posição estratégica do país para, por exemplo, a "amarração de cabos submarinos" de comunicações. O mesmo acontece, considera, na energia. "Segundo a Comissão Europeia, Portugal é o país que está em melhores condições para atingir a neutralidade carbónica em 2050, fruto de termos investido nas energias renováveis", acrescentou.
Atingir o objetivo definido pelo governo de chegar a 2025 com as exportações a pesarem 50% no PIB será, acreditam os responsáveis, possível desde que o país saiba agarrar as oportunidades.