Famílias gastaram só num mês mais 36 milhões nos supers
No mês do regresso às aulas, as compras das famílias de bens de grande consumo foram acima das verificadas um ano antes, tendo aumentado 4,8%, para 789 milhões de euros, segundo o estudo Scantrends, da Nielsen. Ou seja, mais 36 milhões do que em setembro do ano passado.
O comportamento dos consumidores no mês em causa (semanas entre o dia 7 de setembro e 4 de outubro ) seguiu a tendência verificada até ao final do terceiro trimestre, quando se registou um acréscimo de 7,9%, para 7931 milhões de euros na aquisição do mesmo tipo de bens. No acumulado do ano, os portugueses já gastaram mais 583 milhões de euros.
O dinamismo mensal foi protagonizado pelas marcas de distribuição, mais conhecidas por marcas brancas, com um crescimento de 7,9% em setembro, enquanto as marcas de fabricante apenas subiram 3,1%, e de novo, uma evolução que decalca o que se passou nos primeiros nove meses do ano.
Na análise mensal, até 4 de outubro, a consultora de estudos mercado analisou quatro categorias de produtos, tendo-se destacado a compra de bens para a higiene do lar, com um aumento de 8,5%, embora este salto tenha sido mais significativo (+12,6%) se tivermos em conta o acumulado desde o início do ano até ao final de setembro.
Em contexto de pandemia, um maior cuidado com a limpeza da casa poderá justificar um aumento tão expressivo do consumo deste tipo de produtos. Neste caso, tanto as marcas da distribuição como as de fabricante cresceram a ritmos semelhantes (em torno dos 12%).
Já na categoria da alimentação, a Nielsen indica que portugueses compraram mais comida em setembro do que no mesmo mês do ano passado (+5,2%), embora, uma vez mais, o apuramento desde janeiro comprove que as famílias elevaram as suas aquisições de bens alimentares em 9,3%. Os números são consistentes com o confinamento obrigatório vivido entre março e maio, que levou as pessoas a aumentarem as refeições em casa.
Neste segmento da alimentação, os portugueses manifestaram mais tendência para comprar marcas brancas, tendo contribuído para que subissem 12,1% nos nove meses do ano. Houve uma particular apetência pelos congelados cuja procura cresceu 19%, o que demonstra a preocupação de garantir um abastecimento para imprevistos.
Houve igualmente um aumento do consumo de bebidas, por efeito de mais refeições no lar. As vendas subiram 5,6% em setembro e 6,3% no acumulado dos nove meses. A consultora destaca que as bebidas alcoólicas tiveram uma maior procura (+9%) do que as não alcoólicas (+2%).
Na análise do mercado, mesmo com os apelos das autoridades sanitárias para a lavagem das mãos, a categoria dos produtos higiene pessoal foi a única que baixou (-1,9%) em setembro e, mesmo nos noves meses, as vendas ficaram praticamente inalteradas (-0,4%).
O crescimento nas vendas de super e hipermercado contrasta com as vendas das 8600 lojas nos centros comerciais, a recuar 19,7% em relação a setembro do ano passado, segundo os dados da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC).
Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística, relativos ao comércio a retalho, em geral, apontavam para uma diminuição de 4,5% em agosto, por comparação com um ano antes. No caso específico do índice do volume de negócios dos produtos alimentares deu-se um recuo de 2,2%.