Fábricas da Opel vão-se manter após aquisição pela PSA
O presidente do grupo PSA, Carlos Tavares, afirmou hoje que não será necessário fechar fábricas da Opel, uma solução "simplista", se respeitarem os objetivos de produtividade.
"Toda a gente terá a oportunidade de atingir critérios de referência em termos de eficácia e se progredirmos para esta referência não será necessário fechar fábricas", declarou Tavares numa conferência de imprensa para oficializar a compra pelo grupo PSA da filial europeia da norte-americana General Motors.
Carlos Tavares também mandou uma mensagem de tranquilidade aos trabalhadores de todas as marcas do novo grupo automobilístico francês. "Estejam tranquilos", afirmou Tavares na conferência de imprensa conjunta em Paris com a responsável executiva da GM, Mary Barra.
O grupo francês PSA, que detém uma fábrica em Portugal, anunciou hoje ter chegado a acordo com a norte-americana General Motors (GM) para comprar a sua filial europeia por 1,3 mil milhões de euros.
Além da aquisição das marcas Opel e Vauxhall, que espera ter 'luz verde' até 2020, o grupo PSA (Peugeot, Citroën e DS) vai adquirir, em conjunto com o banco francês BNP Paribas, a subsidiária GM da Europa por 900 milhões de euros, informou em comunicado.
Esta aquisição vai tornar o grupo francês PSA número dois do setor automóvel na Europa.
"O valor da transação para o PSA, que inclui a Opel/Vauxhall e 50% das atividades europeias da GM Financial, será de 1,8 mil milhões de euros", disse o grupo francês, que registou um lucro líquido de 2,15 mil milhões de euros em 2016.
A divisão europeia da GM está em défice crónico, tendo ainda perdido 257 milhões de dólares (242 milhões de euros) no ano passado.
Em 16 anos, a fatura foi elevada a 15 mil milhões de dólares (14,1 milhões de euros) para a empresa de Detroit.
O grupo PSA visa, por sua vez, o regresso à rentabilidade da Opel e Vauxhall nos próximos três anos.
Em Portugal, o grupo francês PSA tem uma fábrica em Mangualde, onde a produção de um novo modelo deverá criar uma terceira equipa de trabalhadores em 2019, que poderá incluir entre 250 a 300 pessoas, disse o diretor da unidade, José Maria Castro Covello, numa entrevista à Lusa em 13 de fevereiro.
"As primeiras expectativas para o carro novo (denominado K9) são de aumentar a produção até aos 75 mil carros, o que nos obriga a montar uma terceira equipa (de trabalhadores), que é o que todos esperamos", afirmou José Maria Castro Covello, em declarações à agência Lusa.
"As expectativas são de que, se tudo correr bem, em 2019 a fábrica tenha que meter uma terceira equipa para suprir as necessidades do mercado", previu.
Segundo o responsável, na fábrica de Mangualde, no distrito de Viseu, trabalham cerca de 725 pessoas, prevendo-se que no lançamento do novo modelo estarão duas equipas, integrando 650 pessoas.
"Uma terceira equipa incluiria 250/300 pessoas. Além das necessidades próprias da fábrica, haverá um aumento do 'sourcing' (abastecimento externo)", adiantou o responsável à Lusa, indicando que dos atuais 4% de compras a fornecedores portugueses se deverá passar para 25% aquando do novo modelo.
Castro Covello referiu que haverá, assim, "100 empregos indiretos de proximidade que se devem criar".
Já quanto à produção atual veículo, denominado B9 (Citroen Berlingo e Peugeot Partner), pode ter chegado às 50 mil unidades fabricadas em 2016 (os valores ainda não estão fechados), envolvendo 260 fornecedores e criando 200 empregos indiretos.
Atualmente, a fábrica está a ser preparada para o novo modelo (o K9), cuja primeira caixa deverá ser produzida no final deste ano, estando agendado o lançamento do veículo em 2018.
José Maria Castro Covello referiu ainda a aposta do grupo PSA na indústria digital, que será acelerada com a participação no projeto INDTECH 4.0 -- novas tecnologias para fabricação inteligente, que terá a duração de 36 meses.
Este projeto envolve um investimento estimado de 12 milhões de euros e junta a PSA de Mangualde, três universidades e cinco parceiros tecnológicos, assente nos seguintes eixos: sistemas robóticos inteligentes (robôs colaborativos), sistemas avançados de inspeção e rastreabilidade (visão artificial), sistemas autónomos de movimentação, fábrica digital e fábrica do futuro.
Anteriormente tinha sido já anunciado o investimento na unidade de Mangualde, até 2018, de cerca de 48 milhões de euros.