Exportações para a França são as únicas a subir apoiadas em cigarros
Foi caso único nas vendas de Portugal ao exterior. Em julho deste ano o país exportou mais para França do que no mesmo mês do ano passado. De acordo com os dados preliminares divulgados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), a economia gaulesa comprou a Portugal 735 milhões de euros, mais oito milhões do que em julho de 2019, correspondendo a um aumento de 1,1%.
Dos dez principais clientes dos produtos nacionais, foi o único a comprar mais, contrariando a tendência em plena pandemia de covid-19. "Nas exportações apenas se registou um ligeiro crescimento para França (+1,1%), devido principalmente à evolução dos bens de consumo", refere o destaque do gabinete de estatística.
Mas o que fez a diferença entre o leque de produtos que o país exporta para França? Foi essa a questão colocada ao INE e a resposta é só uma: cigarros.
O DN/Dinheiro Vivo pediu informação desagregada dos bens vendidos à segunda maior economia europeia e qual (ou quais) fez a diferença para que a variação homóloga fosse a única positiva em toda a lista de clientes das empresas portuguesas. "Os bens de consumo que mais contribuíram para o crescimento em causa foram os cigarros contendo tabaco (exceto contendo cravo-da-índia)", indicou o INE.
No mês de julho, o país vendeu 17,5 milhões de euros deste produto aos clientes franceses, mais 14 milhões euros do que no mesmo período de 2019. No ano passado vendeu-se apenas o equivalente a 3,4 milhões de euros deste produto. Trata-se de uma variação homóloga de 410%.
Mas França também se destacou pela queda nas vendas a Portugal. "Nas importações registaram-se decréscimos em todos os principais parceiros", refere o INE, "destacando-se a diminuição de França (-50,9%), sobretudo de outro material de transporte (aviões)", acrescenta o gabinete de estatística.
No mês de julho, a economia nacional comprou menos 409 milhões de euros aos fornecedores franceses do que no mesmo período do ano passado.
O mês de julho voltou a mostrar sinais de alguma retoma das exportações face aos meses mais severos de confinamento, mas ainda a um ritmo muito lento. Comparando com o ano passado, a queda das vendas ao exterior foi de 7,3%, recuperando dos mínimos de abril, quando as exportações registaram uma queda homóloga superior a 41%. Um dos principais motores da economia nacional está ainda a baixa velocidade.
Em maio já se tinha notado alguma retoma (-38,7%) e em junho, já com maior alívio das medidas de confinamento nos principais parceiros europeus, a variação homóloga foi de -9,8%.
As vendas para Espanha - o principal cliente das empresas nacionais - ainda estão a cair 3,2%, a mesma variação verificada para a Alemanha.
"Em julho de 2020, tendo em conta os principais países de destino em 2019, nas exportações registaram-se decréscimos para quase todos os principais parceiros, destacando-se face a julho de 2019, a diminuição para os Estados Unidos (-17,9%), devido aos decréscimos das exportações sobretudo de combustíveis e lubrificantes", aponta o INE.
Nestas estatísticas ainda não estão contabilizadas as importações e exportações de serviços, em que se inclui o turismo e cujas receitas valeram quase um quinto (19,7%) das exportações totais nacionais no ano passado.
Mas se o ritmo de vendas ao exterior é lento, pior ainda estão as importações. As compras caíram 21,2% em julho face ao mesmo mês do ano passado. Na lista dos dez principais fornecedores, além do caso de França com uma queda de 51%, assinala-se também a Rússia com uma variação homóloga de -41%. A fechar o top 3, encontram-se os Estados Unidos com uma quebra nas importações de 31,4%.