Exportações da fileira do pinho com recorde de 2,2 mil milhões em 2021

Crescimento de 25% permitiu recuperar largamente perdas registadas em 2020. No total, vendas ao exterior subiram 437 milhões de euros
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As exportações portuguesas da fileira do pinho atingiram, em 2021, um valor recorde de 2,2 mil milhões de euros. São mais 437 milhões face ao ano anterior, que correspondem a um crescimento de 25%, mais do que anulando as perdas de 2020, em resultado da pandemia.

Em 2020, as vendas ao exterior da fileira do pinho haviam caído 7,5%, correspondentes a menos 140 milhões de euros, numa tendência que foi transversal às restantes indústrias florestais, e não só. No último ano antes da pandemia, o setor exportou 1876 milhões de euros.

Contribuindo com quase 9% do total das exportações nacionais de bens, a fileira do pinho é responsável por quase 40% das exportações de toda a fileira florestal.

Para o Centro Pinus, que compilou e divulgou os dados, a partir dos indicadores do comércio internacional do Instituto Nacional de Estatística, esta performance da fileira terá resultado das crescentes preocupações dos consumidores com a sustentabilidade, levando a um aumento da procura de madeira, bem como ao crescimento do mercado de construção e da bricolagem, o chamado DIY (Do it yourself). O aumento generalizado dos preços também ajudou.

"Estes números mostram a elasticidade da fileira e a sua capacidade para ultrapassar, e em muito, a retração verificada em 2020", diz presidente do Centro Pinus. Quanto às perspetivas para 2022, João Gonçalves acredita que, se não fosse a invasão russa da Ucrânia, a fileira teria "mais um ano de crescimento acentuado". Com a guerra, as sanções crescentes à Rússia e os aumentos significativos nos preços dos combustíveis, o responsável teme que se assista a uma contração do consumo a nível mundial.

Quanto ao futuro, João Gonçalves lembra que esta é uma fileira com um "enorme potencial e uma diversidade que lhe dá capacidade de resistência e de resiliência". Contudo, considera que é muito importante que o governo olhe para a floresta como um todo, sem esquecer a necessidade de um olhar mais atento e em particular para os pequenos produtores. "É preciso um olhar particular para o minifúndio; são precisas medidas simples que cheguem facilmente ao pequeno produtor", defende.

Em termos de subsetores, foi o mobiliário o que mais contribuiu para o crescimento: com mais de 795 milhões de euros exportados, um aumento de 17% face ao ano anterior, este é o subsetor que mais exporta.

Destaque, para as performances dos subsetores da resina, com um crescimento de 62%, da pasta e papel de embalagem, que cresceu 37%, bem como da madeira e dos painéis, cujas exportações cresceram 29% e 27%, respetivamente.

Em sentido contrário está o segmento dos pellets (biocombustível sólido para aquecimento) que continua em retração, com as vendas ao exterior a caírem 17% em 2021, a que se soma a contração de 19% no ano anterior.

Em termos de empresas e emprego, os últimos dados disponíveis são de 2019 e mostravam um crescimento de 1% no número de unidades empresariais, para um total de 8578, que asseguravam o emprego a 57 078 pessoas, menos 1% do que no ano anterior.

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