Brexit faz subir preços das encomendas para o Reino Unido

Dois dos maiores operadores de entregas em Portugal aplicam uma sobretaxa às encomendas de e para o Reino Unido.
Publicado a
Atualizado a

O custo de envio e receção de encomendas do Reino Unido subiu com a saída definitiva do país da União Europeia. Duas das maiores transportadoras em Portugal, a DPD e a DHL, passaram a cobrar uma taxa de cinco euros para esse destino desde o início do ano para cobrir os custos alfandegários.

Há mais de um ano que o DPDgroup - antiga Chronopost e SEUR - está a trabalhar no dossier brexit. "Temos as filiais devidamente preparadas para as novas exigências a nível alfandegário e apenas refletiremos um aumento para fazer face a estes custos acrescidos com os despachos", afirma fonte oficial. No caso da DPD Portugal, esse aumento de custos reflete-se num valor "extra a aplicar nas encomendas de e para o Reino Unido de cinco euros nas tarifas praticadas, cobrindo os custos com despachos alfandegários".

Em setembro - ainda sem um acordo entre o Reino Unido e a UE fechado - a DHL Express já avisava os clientes que iria aumentar as tarifas a partir de janeiro. "As encomendas de ou para o Reino Unido vão ainda ser objeto de uma sobretaxa, devido à saída do país da União Europeia", implicando "custos operacionais adicionais significativos por parte da empresa", justificava a DHL Express. A taxa foi fixada em 0,25 euros por kg com um montante mínimo cobrado de cinco euros por envio.

A transportadora anunciou ainda um aumento em média de 3,9% das tarifas, bem como uma revisão dos preços de sobretaxa por excesso de peso para 85 euros por peça, e também da chamada "palete não empilhável", para 175 euros por palete.

No caso da DPD, não estão previstos aumentos nas encomendas, em termos gerais. "Em relação aos valores que praticamos nos preços públicos, não existiu qualquer revisão", refere fonte oficial da transportadora.

Já quanto ao "serviço universal" de encomendas prestado pelos CTT, " não está igualmente prevista nenhuma alteração no tarifário aplicável ao Reino Unido. Nos envios internacionais para o país, os objetos postais contendo bens passarão no entanto a estar sujeitos ao pagamento de IVA, taxa de apresentação à alfândega e direitos, quando aplicável", adianta fonte oficial do o maior operador postal do país.

Enviar cartas para o Reino Unido, apesar de o país ter deixado de fazer parte da UE, não sofrerá aumento de custos. "Ao nível dos produtos de correio, a zona de taxação onde se insere é na Europa, não havendo distinção de preços entre a Europa comunitária e extracomunitária. Neste sentido, o brexit não alterou os preços dos envios de correspondências aplicáveis", garantem os CTT.

"No caso das compras de bens no Reino Unido, estas continuarão isentas de encargos se tiverem valor inferior a 22 euros (incluindo portes). Acima desse montante estarão sujeitas ao pagamento de IVA, taxa de apresentação à alfândega e direitos, quando aplicável", lembram os CTT.

Esta isenção deixa de existir a partir de 1 de julho, altura em que entram em vigor as novas regras determinadas pela Comissão Europeia para as compras em mercados extracomunitários. As novas normas deveriam ter entrado em vigor logo a 1 de janeiro, mas em maio, por causa da pandemia, determinou-se uma nova data, já que "vários Estados-Membros têm encontrado dificuldades em concluir o desenvolvimento dos sistemas informáticos necessários".

Ana Marcela é jornalista do Dinheiro Vivo

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt