Automóvel e ferrovia são as novas apostas da Riopele
Referência internacional no desenvolvimento de tecidos e de vestuário no segmento da moda, a Riopele vai agora alargar a sua área de intervenção aos têxteis técnicos. O objetivo é desenvolver novos produtos para servir indústrias tão exigentes como a automóvel e ferroviária, na área da mobilidade, ou as forças de segurança e o setor militar.
Um projeto que se tornou possível graças ao investimento de 35 milhões de euros que realizou nos últimos oito anos, centrado nas áreas da transição digital e da sustentabilidade. O investimento, concluído no final de 2021, visou transformar a Riopele na fábrica "mais moderna da Europa".
"Realizámos um esforço significativo, nos últimos anos, para nos posicionarmos como uma referência de benchmark na Europa", explica o CEO da Riopele, José Alexandre Oliveira. Para isso, a empresa apostou em "tecnologia de ponta", designadamente ao nível da automação e eficiência dos novos equipamentos, bem como na criação de uma plataforma digital, na monitorização do chão de fábrica e na implementação de um sistema de visão artificial nos teares, mas, também, "no fortalecimento das competências internas, com a otimização de processos".
A área militar não é propriamente uma novidade para a empresa de Pousada de Saramagos, em Vila Nova de Famalicão. Pelo contrário, há 25 anos que a Riopele trabalha com o exército português, tendo integrado o consórcio que desenvolveu os novos uniformes de camuflagem para as forças armadas portuguesas. "O objetivo agora é expandir a produção, procurando servir forças de segurança em todo o mundo".
Mas o investimento "mais significativo" é o da área da mobilidade, resultado de dois anos de intenso trabalho, numa aposta a longo prazo. "Realizámos visitas e participámos em reuniões com os principais fabricantes mundiais e aproveitámos para apresentar as nossas propostas para projetos conceptuais e produções em pequena escala", explica o gestor responsável por esta nova unidade de negócio. A própria empresa está a adaptar-se, internamente, para abarcar esta nova e "exigente indústria", introduzindo novos métodos e processos. E já há uma marca específica para este segmento de mercado, a "Riopele Textile e-Motion".
João Amaral destaca as "profundas mudanças" que o setor da mobilidade atravessa, sublinhando que no futuro haverá uma procura de "habitáculos mais confortáveis", quase como se fossem uma extensão das nossas salas de estar. Além disso, "haverá a incorporação crescente de matérias-primas mais amigas do ambiente e com maior diferenciação", um segmento em que a Riopele tem apostado significativamente.
Fundada em 1927, a Riopele fatura hoje cerca de 62 milhões - foi o valor de 2020, 14 milhões abaixo do período pré-pandemia, mas, apesar disso, continua a gerar resultados positivos - e dá emprego a 1039 pessoas. Destes 121 são profissionais ligados à área de investigação e desenvolvimento, cuja equipa cresceu 23% na última década. Sobre os objetivos para os têxteis técnicos, e em especial para o segmento da mobilidade, para os próximos cinco a dez anos, a empresa não quantifica as suas intenções. "Este é um investimento da Riopele no futuro. Não nos comprometemos com metas porque temos consciência de que se trata de um esforço a médio prazo", sublinha José Alexandre Oliveira.