A Altice International anunciou esta quarta-feira que suspendeu "vários" gestores, representantes legais e trabalhadores em Portugal enquanto decorre a investigação, no âmbito da Operação Picoas, que deteve, entre outros responsáveis, o cofundador da Altice, Armando Pereira..Em comunicado, é referido que "a Altice International e suas afiliadas colocaram de licença vários representantes legais, gestores e trabalhadores chave em Portugal e no estrangeiro" enquanto decorre a investigação..A empresa indicou também que avançou para uma "investigação interna" em Portugal, abrangendo "outras jurisdições"..A Altice Portugal está a prestar "toda a colaboração solicitada pelas autoridades portuguesas e manter-se-á disponível para qualquer esclarecimento a fim de auxiliar na investigação em curso", lê-se na nota divulgada no site da empresa..A holding "toma nota de que as autoridades portuguesas identificaram" a Altice Portugal como tendo sido "alegadamente defraudada como resultado de práticas lesivas e má conduta de certos indivíduos e entidades externas".."O Ministério Público português esclareceu que a investigação diz respeito a práticas lesivas" que afetaram a "Altice Portugal e as suas subsidiárias", pelo que são "vítimas de fraude", refere o grupo de Patrick Drahi..A empresa faz ainda saber que, "com efeito imediato", vai "rever e reforçar os processos de aprovação em todas as aquisições, pagamentos, ordens de compra e processos relacionados tanto em Portugal como ao nível da Altice International".."A Altice International e as suas afiliadas estão atualmente a avaliar os próximos passos apropriados com os respetivos conselheiros legais e vai considerar todas as opções legais, em todas as jurisdições", anuncia a holding no comunicado..O grupo termina a nota assegurando que "continua a desenvolver as suas atividades" de forma "normal" e que "continuará a realizar negócios com a mais alta integridade no melhor interesse de todos os acionistas, com clientes e funcionários na frente"..Alexandre Fonseca suspende funções executivas em prol da atividade do grupo Altice.A Operação Picoas, recorde-se, decorreu a 13 de julho e contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo a sede da Altice Portugal, na zona da Picoas, em Lisboa, e instalações de empresas e escritórios de advogados, segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) do Ministério Público (MP). Também a casa do cofundador da Altice, Armando Pereira, em Vieira do Minho, Braga, foi alvo de buscas..Estão em causa suspeitas dos crimes de "corrupção no setor privado, fraude fiscal agravada, falsificação e branqueamento", de acordo com o comunicado do DCIAP..No decorrer da operação, foram "apreendidos documentos considerados relevantes para a prova dos ilícitos indiciados bem como objetos representativos do resultado dos mesmos, tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros"..Está também "em causa a lesão dos interesses do Estado, em sede fiscal e da verdade tributária". "Os factos indiciam práticas de deslocalização fictícia da domiciliação fiscal de pessoas e de sociedades, com aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira", indicou o DCIAP.."Esses factos são suscetíveis de constituir crimes de fraude fiscal qualificada, sendo estimado que a vantagem ilegítima alcançada pelos suspeitos em sede fiscal tenha sido superior a 100 milhões de euros", esclareceu o DCIAP.