Algarve pede alívio das restrições às viagens

Presidente da Região de Turismo do Algarve assume que há "bons" indicadores para os próximos meses, mas não esconde que "a incerteza ainda nos deixa na expectativa". E espera boas notícias de Londres no final da semana.
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Portugal já deu vários passos no processo de desconfinamento, estando a generalidade do país na fase quatro. Mas os turistas estrangeiros continuam a ser poucos até porque Portugal mantém muitos condicionalismos à entrada de não residentes por via aérea. Esta é uma das alterações que a Região de Turismo do Algarve apela a que conste da próxima revisão do estado de calamidade.

"É importante que Portugal, na próxima revisão do estado de calamidade, não condicione as viagens para Portugal apenas a viagens essenciais. Isso será determinante. Já podíamos estar a receber viajantes com mais volume com estas condições se, também nós, não decidíssemos unilateralmente nesse instrumento do estado de calamidade definir essa condição de apenas poderem viajar pessoas com motivos essenciais", diz ao Dinheiro Vivo João Fernandes, presidente da Região de Turismo do Algarve (RTA).

O presidente do Turismo de Portugal, Luís Araújo, defendeu esta semana que "podíamos crescer mais se já estivéssemos abertos ao Reino Unido, se já estivéssemos na lista verde e se o Reino Unido pudesse também viajar para Portugal; se estivéssemos abertos a mercados como os EUA, da mesma forma que estamos abertos para o Brasil; se estivéssemos abertos para outros mercados, considerando que o risco não deve nunca ser um "risco país", mas sim um "risco pessoa"".

Lembrando que os turistas com origem no Reino Unido, Alemanha, Holanda e Irlanda quando escolhem Portugal têm como primeiro destino o Algarve, em termos de dormidas, João Fernandes considera que é essencial que o País passe assim a ter uma estratégia diferente da usada até aqui e que tenha, tal como indicou o líder da entidade de turismo nacional, o risco de cada de pessoa. "Se um viajante, antes de viajar, tem de fazer um teste PCR, se tem um conjunto de salvaguardas como estar vacinado ou estar imune por infeção prévia, temos de libertar essa possibilidade porque ela agilizará a economia, nomeadamente o turismo, mas não só. Ao mesmo tempo que preservamos um risco mais reduzido porque as pessoas que viajam já tiveram essa pré-avaliação", nota.

Esta semana, com o objetivo de incentivar o setor do turismo, muito fustigado pelas restrições aplicadas para travar a pandemia, a Comissão Europeia propôs aos Estados-membros um alívio das restrições atuais às viagens não essenciais dentro da UE, tendo em conta o progresso na vacinação e os desenvolvimentos epidemiológicos à escala mundial. Bruxelas que seja autorizada a entrada na UE, por motivos considerados não essenciais, cidadãos que tenham origem em países com uma "boa" situação epidemiológica, bem como cidadãos que tenham já recebido a última dose recomendada de uma das vacinas que são autorizadas no Velho Continente.

"Neste momento, e como é natural porque estamos a falar de uma região que depende em 75% de procura externa e o Estado português ainda condiciona voos de e para Portugal apenas à lógica das viagens essenciais, há ainda uma atividade diminuta. O desconfinamento é recente. Temos visto fenómenos interessantes sobretudo ao fim de semana, como aconteceu no último com a abertura de fronteiras com Espanha, que permitiu uma afluência de mais de cinco mil viaturas. Há aqui uma expectativa interessante do ponto de vista de visitantes que não é tanto um turista que pernoita, mas é alguém que contribuiu para o consumo no território", salienta.

Em 2020, a atividade turística a Sul contou muito com o turismo interno. O líder da RTA assume que há reservas já para o verão, embora seja cauteloso devido à flexibilidade dos cancelamentos, e aguarda com expectativa o que Londres terá a dizer nesta sexta-feira sobre viagens a partir de meados de maio.

"Temos vindo a verificar um aumento das reservas para o período do verão, mas ainda é tudo muito incerto, porque como hoje as reservas têm um cariz mais flexível que num ano normal. As regras da UE protegem o consumidor e, dessa forma, facilitam a reserva mas também o cancelamento. Os sinais que estamos a ver são positivos do lado do mercado nacional para o verão - de julho em diante que é o período habitual de procura do mercado interno. Em relação a Espanha temos dois meses de avanço quando comparado com o ano anterior, quando as fronteiras só abriram a 1 de julho, temos já voos da Irlanda (...), estamos na expectativa de, a partir de 17 de maio, ter voos com turistas a partir do nosso principal mercado emissor que é o Reino Unido. Há sinais de esperança sobretudo para junho, julho, agosto", diz João Fernandes.

Para os últimos meses do ano há um nível de reservas "interessante" devido à segunda época alta do golfe, que decorre entre setembro e novembro, mas alerta há também que ter em conta o facto de várias reservas para esta área terem no passado sido adiadas. "Há bons indicadores mas a incerteza ainda nos deixa ainda na expectativa", remata.

ana.laranjeiro@dinheirovivo.pt

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