Desportos
28 janeiro 2020 às 18h37

McEnroe e Navratilova invadem campo em protesto. "Homofóbica e racista"

Os dois veteranos invadiram um campo para contestarem a designação de Margaret Court Arena, atribuída em homenagem à campeã australiana de 77 anos. "Racista e homofóbica", dizem sobre a tenista com mais títulos do Grand Slam.

DN/AFP

Martina Navratilova e John McEnroe foram advertidos pela organização do Open da Austrália em ténis após violarem os "protocolos" no torneio do Grand Slam que decorre em Melbourne. Os dois veteranos protagonizaram um protesto, em pleno campo de ténis, durante um jogo de exibição de veteranos, em que ostentaram uma faixa e exigiram que o nome de Margaret Court seja retirado da arena principal por causa das suas opiniões controversas, que consideram serem racistas e homofóbicas.

As duas celebridades do ténis já tinham emitido opiniões críticas na segunda-feira quando a australiana de 77 anos foi homenageada no 50.º aniversário do seu título de Grand Slam de 1970. E esta terça-feira, McEnroe, que havia rotulado Court de "tia louca", e a colega americana Navratilova foram mais longe ao entrarem em campo com uma placa em sugeriam um novo nome.

Durante uma partida de veteranos, os dois antigos campeões surgiram com uma faixa em que se lia "Evonne Goolagong Arena", pedindo assim que a Margaret Court Arena fosse renomeada e substituída pelo nome da três vezes vencedora do Open, Evonne Goolagong, também australiana, de origem aborígene, e a primeira mulher a ser campeã num torneio do Grand Slam após ser mãe, em Wimbledon 1980,

Segundo relatos da imprensa australiana, Navratilova, 63 anos, ainda subiu à cadeira do árbitro para fazer um discurso, mas a transmissão da televisão foi cortada imediatamente.

"Adotamos a diversidade, a inclusão e o direito de as pessoas terem uma visão, assim como o direito de expressar essa opinião", afirmou em comunicado a Tennis Australia, organizadora do torneio. "Mas o Open da Austrália tem regulamentos e protocolos sobre a forma como qualquer fã, jogador ou convidado pode usar as nossas instalações, o evento e o cenário global que ele oferece. Isto é para garantir a integridade do evento. Dois convidados de alto perfil violaram esses protocolos e estamos a discutir isso com eles."

Court é a recordista de todos os tempos em títulos do Grand Slam, com 24 no total (mais um que Serena Williams), e uma das únicas cinco jogadoras a vencer os quatro torneios do Grand Slam no mesmo ano. Como reconhecimento da conquista, Court recebeu uma réplica do troféu do Open da Austrália das mãos da lenda australiana Rod Laver, na segunda-feira, numa cerimónia discreta.

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As opiniões dividem-se sobre Margaret Court mas a organização e o governo defendem a manutenção, com o argumento de que as opiniões controversas não devem interferir na avaliação dos triunfos no ténis. Mas outros, como McEnroe e Navratilova, dizem que as opiniões são demasiado graves e ofensivas para passarem em claro.

Apartheid, lésbicas e crianças trans

Navratilova, uma crítica habitual de Court, divulgou uma carta aberta, exigindo uma mudança de nome da Margaret Court Arena. "Dói-me dizer isso, mas a Margaret Court Arena deve ser renomeada", escreveu. "Como substituto digno, o meu voto é para Evonne Goolagong. É a personificação do que realmente é um modelo ou herói."

As controvérsias de Court incluem elogiar o sistema de apartheid da África do Sul, dizer que "o ténis está cheio de lésbicas", com reparos feitos diretamente sobre Navratilova, homossexual assumida, e descrever as crianças transexuais como "o trabalho do diabo".

Cristã devota, Court atacou os detratores na semana passada, dizendo que estava a ser "perseguida" pelas suas crenças religiosas.