O drama de Redondo: "Tiravam-me sangue da perna e injetavam-me medicamentos"

Antigo internacional argentino, que jogou no Real Madrid e no AC Milan, conta com pormenores numa entrevista o calvário que passou devido a uma lesão nos ligamentos que lhe deu cabo da carreira.
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Fernando Redondo, antigo internacional argentino que jogou no Real Madrid e no AC Milan, abriu o livro numa entrevista ao jornal La Nación e relatou com pormenores o drama que sofreu com lesões que o impediram de ter uma carreira mais longa no futebol, ele que chegou a ser considerado um dos melhores médios do mundo.

Após seis anos como referência do meio-campo do Real Madrid (entre 1994 e 2000), o jogador decidiu transferir-se para o AC Milan no ano 2000, numa transferência avaliada em cerca de 20 milhões de euros na moeda atual. E foi precisamente nessa altura que começaram os problemas. Quando estava a realizar a pré-temporada no clube de Milão sofreu uma grave lesão no ligamento cruzado de um joelho.

"Fiz metade da pré-temporada e outra metade no AC Milan. Em Itália a carga de treinos era diferente, mais intensa. Por orgulho não disse nada, mas estava morto a nível muscular. E num jogo, num lance, senti o joelho a quebrar: rompi os ligamentos cruzados do joelho direito e estive dois anos sem jogar", começou por contar Redondo.

Nesses dois anos, o internacional argentino foi sujeito a várias operações para tentar resolver o problema. "A primeira operação não correu bem. Fui operado por um médico italiano, que tinha feito intervenções a vários jogadores do Milan. Mas não era um especialista em joelhos e a verdade é que o ligamento não ficou em condições. Não culpo o médico, mas entrei naqueles 3,4% de casos em que as operações não correm bem. Durante a recuperação o joelho inchava e causava-me dor. Diziam-me que eu tinha de superar a dor e eu trabalhava cada vez mais no duro a nível muscular. Mas ia ficando cada vez pior", descreveu.

Redondo resolveu então consultar outros especialistas, entre eles Del Corral, médico do Real Madrid, e pediu ao Milan para o deixar sair de Itália por uns tempos, renunciando ao salário enquanto não estivesse em condições de jogar. "Consultei vários especialistas, inclusivamente um francês que operou o Ronaldo. Mas optei por um belga. Fiquei na Bélgica alguns meses, fui submetido a novas técnicas e tratamentos três vezes por semana. Aplicaram-me uma técnica que se chamava Bier Block, que estava proibida em Itália. Atuava no sistema nervoso central para tirar a dor. Metiam-me na sala de operações, levantam-me a perna direita, tiravam-me o sangue da perna e injetavam-me medicamentos", recordou Redondo.

Esta técnica tinha riscos, pois se o líquido chegasse ao coração podia ter problemas: "Só podia fazer isto no máximo seis vezes. Fiz cinco de forma a conseguir deixar de ter dores. Fiz tudo o que era possível para recuperar. Chegaram a levar-me para o Mar do Norte, no inverno, para correr com água até à cintura e fazia diferentes exercícios na areia. Só queria conseguir superar a dor e a inflamação, dei o meu máximo para pelo menos conseguir jogar mais dois anos."

Fernando Redondo voltou a jogar em dezembro de 2002. Ainda fez mais uma temporada no clube milanês, em 2003/04, mas acabou por retirar-se em novembro de 2004, pois as lesões nunca mais o largaram apesar dos tratamentos intensivos a que foi sujeito. "Podia continuar a jogar, mas não era a mesma coisa. Depois dos jogos, o joelho voltava a inflamar e precisava de dois ou três dias para recuperar. Fui eu que tomei a decisão de me retirar. Já não desfrutava como antigamente, porque tinha de passar vários dias em recuperação por causa da inflamação do joelho. Mas retirei-me a jogar", disse o antigo jogador, hoje com 49 anos.

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