Maniche: "Não pedi desculpa ao Costinha e jamais pedirei"
"Não pedi desculpa ao Francisco Costa [Costinha] e jamais pedirei. Quem chegou a acordo com ele foi a editora [Prime Books] e o Tiago Guadalupe [autor do livro]. Eu nunca me retratei. Confirmo que também fui processado, porque fomos os três, era um processo conjunto, mas como a editora e o Tiago chegaram entretanto a acordo, o caso ficou resolvido. Mas eu não pedi desculpas a ninguém. Aliás, se tivesse ido a tribunal tinha os meus argumentos."
Foi desta forma que Maniche reagiu à notícia avançada na quinta-feira pelo DN, de que Costinha o tinha acionado judicialmente (e ao autor do livro e à editora) pelo facto de o ex-jogador de Benfica, Sporting e FC Porto ter contado na obra que lançou no ano passado - "MANICHE 18, As Histórias (ainda) não contadas" - que tinha sido Costinha a rasgar a camisola de Rui Jorge, num célebre jogo entre o Sporting e o FC Porto realizado em 2004. Facto que Costinha negou e o levou a avançar com um processo, que só não chegou a julgamento porque entretanto houve acordo.
Ao DN, Maniche não quis entrar em grandes pormenores sobre o final da amizade com Costinha. Apenas repetiu que nunca pediu desculpas ao seu antigo colega, com quem partilhou balneário no FC Porto, Dínamo de Moscovo, At. Madrid e mais tarde no Sporting, numa altura em que Costinha era diretor desportivo. Mais recentemente chegaram a integrar técnicas da Académica e do Paços de Ferreira - Costinha como técnico principal e Maniche com adjunto.
"Posso dizer que fui induzido em erro em toda esta história. O autor do livro [Tiago Guadalupe] é que teve acesso a essa informação [da camisola de Rui Jorge ter sido rasgada por Costinha], disse-me que de fontes seguras, e eu confiei nele. O meu erro foi esse. Eu naquele dia estava no balneário, mas não me lembrava de como tudo aconteceu. Agi de boa-fé e acreditei no que me contaram. Mas quando soube que não era verdade, por minha iniciativa disse logo para retirarem essa passagem do livro. Quem tinha de se retratar, neste caso o Tiago Guadalupe, fê-lo. Eu não tinha de o fazer", explicou.
Para Maniche, "este caso não tinha que ir parar à justiça e podia ter sido resolvido de uma outra forma". "Infelizmente, o Francisco Costa [nome verdadeiro de Costinha] entendeu que as coisas deviam seguir esta via mesmo depois de termos decidido tirar essa parte da segunda edição do livro. Só tenho que lamentar que tenha ido pela via da justiça quando tudo poderia ter sido resolvido de uma forma amigável. A notícia do DN dá a entender que eu também pedi desculpa, mas não o fiz. E posso garantir que nunca o irei fazer. Nunca foi minha intenção manchar o bom nome de ninguém. As pessoas que tinham de se retratar [a editora e o autor do livro] já o fizeram. Eu fui induzido em erro e por isso reafirmo que não tenho de pedir desculpa. Não falei com o Francisco Costa [Costinha] nem tenho de o fazer", argumentou Maniche.
"Todo o mundo pensa que foi o Mourinho que rasgou a camisola do Rui Jorge, mas não foi. Foi o Costinha". Esta foi a frase escrita no livro lançado no final do ano passado que motivou toda a discórdia. O antigo internacional português não gostou e avançou com um processo judicial. Esta semana, o escritor do livro e a editora chegaram a acordo com Costinha e o caso não chegou a julgamento.
Além da correção do texto, que será concretizada já nas próximas edições do livro, Costinha receberá ainda uma "compensação" pelos danos provocados, cujo valor não foi ainda divulgado, que será entregue a uma instituição de apoio social, a definir pelo tribunal.
Costinha alegou na sua defesa que a declaração de Maniche ofendeu "a reputação" e o seu "bom nome" ao "imputar-lhe uma conduta absolutamente imprópria para um futebolista ou treinador de futebol profissional, de incitamento à violência, ódio e intolerância no desporto e também de desrespeito e até desprezo pela camisola suada de um colega de profissão e de um importante clube de futebol português", o Sporting.
Costinha garante que nunca se poderia rever num ato desta natureza porque "contraria todos os valores da ética desportiva e profissionalismo digno" que "sempre adotou e cumpriu" ao longo da sua carreira profissional.
Maniche e Costinha começaram por ser colegas de equipa no FC Porto, clube onde coabitaram durante três temporadas e onde criaram laços de amizade. Os anos que passaram juntos no Dragão, aliás, terão sido os melhores em termos desportivos, pois além de dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e uma Supertaça, conquistaram a Liga dos Campeões (2003-04), uma Taça UEFA (2002-03) e uma Taça Intercontinental (2004).
Os dois jogadores, que também brilharam ao serviço da seleção portuguesa, deixaram o FC Porto no mesmo ano (2005), quando aceitaram uma proposta milionária da Rússia para se juntarem ao Dínamo de Moscovo, onde jogaram juntos um ano. Mais tarde voltaram a cruzar os destinos no Atlético de Madrid, na temporada 2006-07. E depois reencontraram-se em Alvalade (época 2010-11), quando Costinha exercia as funções de diretor desportivo e Maniche foi contratado para reforçar o plantel.
A amizade entre ambos, até por partilharem o mesmo empresário (Jorge Mendes), levou a que Costinha convidasse Maniche para integrar a sua equipa técnica como adjunto. Primeiro no Paços de Ferreira (2013) e mais tarde na Académica (2016). Em Coimbra, contudo, Maniche só esteve quatro meses, acabando por evocar razões pessoais para se desvincular dos estudantes.