City-Liverpool. A 100.ª vitória de Guardiola ou Klopp mais perto do título?
Há quem lhe chame o jogo do título, apesar de a Liga inglesa ainda agora ter entrado na segunda volta. Esta noite, a partir das 20.00 (SportTV3), Manchester City e Liverpool defrontam-se no Etihad Stadium, no jogo grande da jornada 21. Em caso de vitória, a equipa de Jürgen Klopp cimenta a liderança e passa a ter nove pontos de vantagem sobre o Tottenham (segundo classificado) e 10 sobre a equipa de Pep Guardiola. Ou seja, os reds ficam muito bem lançados rumo à conquista de um título que lhes foge há quase 30 anos (1989/90) e deixam os citizens com as contas bastante complicadas na luta por esse objetivo.
"O Liverpool é possivelmente a melhor equipa da Europa neste momento", disse Pep Guardiola. E, de facto, os números do conjunto de Jürgen Klopp na Liga inglesa são impressionantes. O Liverpool ainda não perdeu qualquer jogo esta temporada na Premier League. Em 20 jornadas, o clube de Anfield soma 17 vitórias e três empates (um deles foi precisamente frente ao City, no jogo da primeira volta do campeonato). E é a melhor defesa da prova, com apenas oito golos sofridos. Curiosamente, esta quinta-feira, vão defrontar-se a melhor defesa da prova e o melhor ataque (o City tem 54 golos marcados contra 48 dos reds).
O City de Guardiola, que muitos apontavam no início da temporada como o principal candidato ao título, esteve na liderança da Liga inglesa até à 15.ª jornada. Mas a derrota com o Chelsea em Stamford Bridge, a 8 de dezembro, permitiu ao Liverpool assumir o primeiro lugar. Na quadra natalícia, contra todas as previsões, duas derrotas deixaram a equipa de Guardiola ainda mais distante. A 22 de dezembro, sofreram um inesperado desaire caseiro com o Crystal Palace (2-3) e na jornada do Boxing Day outro contratempo, por 2-1, no campo do Leicester. Por isso a partida desta noite é quase encarada como uma final, já que um novo desaire deixa a equipa numa posição complicada para tentar a revalidação do título inglês.
O jogo desta quinta-feira tem uma curiosidade: caso o City vença, Guardiola soma a 100.ª vitória desde que no verão de 2016 tomou conta dos destinos do clube, sucedendo a Manuel Pellegrini. De então para cá, o técnico catalão venceu 99 partidas oficiais, empatou 23 e perdeu 21. Em termos de troféus, conquistou na época passada o campeonato, a Taça da Liga e a Supertaça de Inglaterra.
A cumprir a quarta temporada no Liverpool, Jürgen Klopp parece ter colocado a equipa nos eixos esta temporada. O treinador alemão não conquistou ainda qualquer troféu pelos reds, mas atingiu duas finais europeias: a Liga Europa em 2015/16, derrotado pelo Sevilha. E a Champions em 2017/18, perdida ante o Real Madrid.
A excelente época que os reds estão a realizar explica-se também devido ao forte investimento feito em contratações nas duas últimas temporadas, num total de 350 milhões de euros. Na época passada chegaram ao clube craques como Salah, Van Dijk, Oxlade-Chamberlain. E no verão foram contratados Alisson, Naby Keita, Fabinho e Shaqiri.
Nos últimos dois anos, o City de Guardiola gastou ainda mais dinheiro em reforços. Na época passada, o clube bateu todos os recordes com 320 milhões desembolsados em contratações, de onde se destacam nomes como Laporte, Mendy, Kyle Walker, Bernardo Silva, Ederson e Danilo. No final da época, o City foi recompensado com a conquista do título. No último verão, a equipa segurou os craques e ainda investiu 72 milhões. A contratação mais sonante foi Mahrez, que chegou do Leicester.
O valor de mercado de um e outro plantel é equilibrado. A equipa do City, de acordo com o site transfermarkt, está avaliada em 1,13 mil milhões de euros. A do Liverpool vale 951,5 milhões. No conjunto de Guardiola, o jogador mais valioso é Kevin De Bruyne (150 milhões), seguido de Raheem Sterling (120) e Leroy Sané (100). Nos reds ninguém bate o egípcio Mohamed Salah: 150 milhões de euros. Seguem-se Firmino (80), Van Dijk e Sadio Mané (75 cada).
Pep Guardiola, 47 anos, e Jürgen Klopp, 51, coincidem na Liga inglesa há três temporadas - o alemão chegou um ano antes a Inglaterra. Mas a rivalidade vem dos tempos em que ambos treinavam clubes da Bundesliga - o catalão o Bayern Munique; o germânico o B. Dortmund.
Os dois treinadores já se defrontaram em 15 ocasiões, contabilizando todas as provas. E Klopp está em vantagem no duelo direto: 7 vitórias, 3 empates e duas derrotas. Aliás, o treinador alemão é o técnico que mais vezes derrotou o catalão.
A primeira vez que mediram forças foi em julho de 2013, na decisão da Supertaça da Alemanha, que o Dortmund venceu por 4-2. Seguiram-se mais sete jogos, com três triunfos de Guardiola, dois de Klopp e ainda dois empates.
DUELOS GUARDIOLA VS KLOPP
ALEMANHA
2013 B. Dortmund-B. Munqiue, 4-2 (Supertaça)
2013 B. Dortmund-B. Munique, 0-3 (Campeonato)
2014 B. Munique-B. Dortmund, 0-3 (Campeonato)
2014 B. B. Dortmund-B. Munique, 0-2 a.p. (Taça)
2014 B. B. Dortmund-B. Munique, 2-0 (Taça)
2014 B. Munique-B. Dortmund, 2-1 (Campeonato)
2015 B. Dortmund-B. Munique, 0-1 (Campeonato)
2015 B. Munique-B. Dortmund, 1-1, 0-2 g.p. (Taça)
INGLATERRA
2016 Liverpool-Manchester City, 1-0 (Campeonato)
2017 Manchester City-Liverpool, 1-1 (Campeonato)
2017 Manchester City-Liverpool, 5-0 (Campeonato)
2018 Liverpool-Manchester City, 4-3 (Campeonato)
2018 Liverpool-Manchester City, 3-0 (Champions)
2018 Manchester City-Liverpool, 1-2 (Champions)
2018 Liverpool-Manchester City, 0-0 (Campeonato)
Em Inglaterra, o primeiro frente a frente aconteceu no último dia do ano de 2016, na 19.ª jornada da Liga inglesa: o Liverpool bateu o City por 1-0. Depois disso defrontaram-se mais seis vezes, com apenas uma vitória do City, em setembro de 2017, na Liga inglesa, numa goleada por 5-0. Desde esse dia, o Liverpool venceu o rival em três ocasiões e pelo meio houve um empate (0-0), precisamente no último jogo entre as duas equipas, relativo à primeira volta da Premier League.
Como em duelos anteriores, na noite desta quinta-feira no Etihad Stadium vão estar dois estilos de jogo diferentes. De um lado o City de Guardiola, uma equipa que faz do jogo posicional a sua arma, que privilegia a posse de bola e a ocupação dos espaços, com movimentações constantes dos jogadores e variações táticas ao longo do jogo. O famoso 'tiki-taka', nome que Guardiola não gosta que se aplique ao seu modelo.
Do outro lado o futebol rock and roll, heavy metal, como Klopp lhe chamou. O treinador alemão é adepto do modelo gegenpressing, um futebol mais direto, em que após perder a bola no campo do adversário, a equipa pressiona imediatamente o portador da bola para criar ocasiões de golo em vez de recuar e compor a defesa. Um futebol mais ofensivo e veloz, mas com menos nota artística do que o Manchester City.
O jogo desta quinta-feira, como já se percebeu, é de enorme importância para o Manchester City, que em caso de derrota fica com o objetivo da conquista do título muito complicado. "A realidade é muito clara. Estamos com uma desvantagem de sete pontos em relação ao Liverpool, mas ainda há muito campeonato para jogar. O meu feeling é que esta é uma boa oportunidade para encurtarmos distâncias. O meu foco continua o mesmo. Toda a gente pergunta ' e se o City perde, e o se o City perde?' O que posso prometer é que vamos tentar ganhar. É a nossa oportunidade para continuarmos a lutar pela Premier League. Temos de ser uma equipa agressiva com e sem bola e os jogadores têm de ser mais responsáveis do que nunca", disse Pep Guardiola no lançamento do jogo.
Já Jürgen Klopp agradeceu e respondeu aos elogios feitos por Guardiola ao seu Liverpool, quando considerou a equipa de Anfield a melhor da Europa neste momento. "Para mim, o Manchester City é a melhor equipa do mundo. Nós estamos de facto num bom momento e claro que também somos uma boa equipa", referiu.
Por isso, o treinador alemão espera muitas dificuldades esta noite no campo do Manchester City. "É um jogo complicado. O City é uma equipa forte e que tem um treinador incrível. Temos de ser valentes como nos jogos anteriores. É um dos desafios com maior grau de dificuldade do futebol moderno, jogar contra o City no estádio deles", referiu.
Klopp tem tentado a todo o custo colocar travão na euforia em torno da campanha do Liverpool. E na quarta-feira. no lançamento do jogo, voltou a ter cautela no discurso: "Não ando muito na rua por isso não vejo se os adeptos já andam de braços no ar a festejar. Mas pelo que vejo, as coisas não são bem assim. Os adeptos estão satisfeitos com a equipa, gostam da forma como jogamos e dos resultados. Mas seria uma falta respeito andarem já a festejar. Para já estamos numa boa posição. Mas só isso. Mais para frente veremos."