Desportos
12 fevereiro 2020 às 15h02

Como o FC Porto, Benfica e Sporting escolhem as crianças que entram em campo com os jogadores

Em Inglaterra os pais chegam a pagar 600 euros para que o filho entre em campo com um jogador. FC Porto, Benfica e Sporting não cobram nada.

Entrar em campo de mão dada com Cristiano Ronaldo ou Messi é o sonho de muitas crianças. Mas como se escolhe quem entra lado a lado com os jogadores? Esta semana soube-se que em Inglaterra os clubes fazem disso um negócio e cobram até 800 euros por criança. Um cenário muito diferente do praticado em Portugal, onde os clube privilegiam as ações sociais e os miúdos das próprias escolinhas de formação.

No Dragão (FC Porto), na Luz (Benfica) e em Alvalade (Sporting) entrar em campo de mão dada com um jogador é grátis! E quem define quem entra com quem? Segundo os clubes, por norma é por sorteio, mas não se trata de uma ciência exata. Há situações, como no caso de prémios decorrentes de iniciativas comerciais do clube ou dos parceiros em que isso já está predefinido, tal como acontece em casos de iniciativas de cariz social. Os três principais emblemas portugueses são ainda sensíveis a pedidos específicos se isso não interferir com o desejo de mais algum miúdo.

Contacta pelo DN, o FC Porto esclareceu que há três formas de escolha/seleção, se assim se pode dizer. Uma delas é através dos patrocinadores. O match sponsor tem a possibilidade de levar 11 crianças, que por norma são filhos de colaboradores. Depois há os miúdos das escolas Dragon Force, em que a escolha é feita com base em critérios internos e os alunos são selecionado por critérios que cada escola e coordenador define. Por fim, há ainda a possibilidade de haver pedidos avulsos que chegam via sócios ou parceiros comerciais e atividades de sustentabilidade e solidariedade social.

No Benfica, a iniciativa também está a cargo da secção de marketing. Segundo o clube da Luz informou o DN, os miúdos são maioritariamente crianças das escolas de futebol do clube que entram com os jogadores. Depois há que contar com os projetos da Fundação Benfica, que tem um cariz mais social. Por norma as escolas que quiseram associar-se a essa iniciativa contactam a instituição para o efeito e depois é feita uma seleção. Há ainda situações periódicas de pedidos individuais que são analisados ou fruto de iniciativas que privilegiam os sócios.

Em Alvalade, o cenário é idêntico e a escolha acontece através da player escorts do Sporting. E tal como no Dragão e na Luz não tem qualquer tipo de custo associado. Segundo disse ao DN o clube leonino, por vezes tratam-se de pedidos de parceiros comerciais que promovem iniciativas onde o prémio é entrar em campo com um jogador. Depois é definido se entram em campo com jogadores do Sporting ou do adversário... Também há a possibilidade de as crianças da formação do clube se inscreverem ou serem chamadas para o efeito. O clube seleciona ainda através de candidaturas diretas ou como forma de experiência/regalia para os sócios. Por fim, e de forma, pontual, as crianças chegam de instituições apoiadas pela Fundação Sporting.

O tema está a gerar uma enorme polémica em Inglaterra. De acordo com o jornal The Telegraph, há clubes da I e da II liga inglesa a cobrarem dinheiro aos pais para os filhos poderem entrar em campo de mão dada com os jogadores antes dos jogos de futebol. Os valores em causa, praticados por algumas equipas, chegam aos 770 euros. Há inclusive emblemas que definem preços diferentes conforme o jogador em questão.

Ideia terá nascido no Brasil em 1976

A ideia de colocar crianças a entrar em campo de mãos dados com os ídolos do futebol terá começado no Brasil. E, embora não haja registos oficiais de um primeiro acontecimento, as primeiras notícias referentes a isso dizem que foi Ronan Ramos Oliveira, diretor de relações públicas do Clube Atlético Mineiro (Brasil) que deu origem ao fenómeno, com o objetivo de atrair mais famílias aos estádios em dias de jogos. A seleção do primeiro grupo aconteceu num jogo entre o Atlético e o América a 5 de setembro de 1976 e as crianças foram selecionadas pelas semelhanças com os atletas. A iniciativa tornou-se viral e hoje em dia, seja no Brasil, em Portugal ou Inglaterra, cada clube tem o seu modelo de seleção.

A tradição foi oficialmente incorporada pela FIFA em 2001, depois de celebrar uma parceria com a UNICEF e passar a investir em ações com a participação de crianças.

Nos jogos das competições europeias as regras são definidas pela UEFA junto dos seus sponsors. O organismo europeu tem mesmo um programa para o efeito através MasterCard Player Escorts e há mesmo uma competição para selecionar que crianças têm oportunidade de viver uma experiência única na vida.