André Almeida, de expulso a herói do jogo em que o último fez frente ao primeiro
"Para ti Carolina!" O golo com dedicatória de André Almeida pode até ter sido dedicado à Carolina, mas fez mais gente feliz na família benfiquista. Foi aos 89 minutos que o capitão encarnado (na ausência de Jardel) salvou a equipa de perder pontos frente ao último classificado da I Liga e manteve as distâncias para o segundo classificado, o FC Porto. O lateral que esta sexta-feira voltou à equipa no lugar de Tomás Tavares chegou a ser expulso, mas viu o árbitro reverter a situação com a ajuda do VAR e manteve-se em campo para vestir a pele de herói e oferecer a 13.ª vitória seguida à equipa.
O Benfica encontrou dificuldades inesperadas na receção ao lanterna vermelha e esteve a perder até aos 76 minutos. Frente ao Desp. Aves o campeão apresentou dificuldades na transição defensiva e tremeu quando Mohammadi inaugurou o marcador, não conseguindo reverter a situação antes do intervalo. Só no segundo os encarnados descobriram o caminho para o golo.
Bruno Lage surpreendeu e fez algumas mexidas. Sem medo de apostar no recém-chegado Weigl, que apenas na quarta-feira recebeu o certificado internacional, o treinador mudou ainda o lateral direito (jogou André Almeida em vez de Tomás Tavares), dois médios (Cervi deu lugar a Jota e o castigado Taraabt foi substituído pelo reforço alemão) e ainda um avançado (Vinícius foi trocado por Seferovic). Já Nuno Manta Santos mudou apenas uma peça, com a saída de Jaílson, que é rendido pelo regressado Mohammadi - uma mudança que seria decisiva para o desenrolar do jogo - e a jogar com uma defesa de três centrais. A estratégia não surpreendeu o Benfica, que entrou determinado no jogo, mas menos letal do que é habitual.
Depois de uma ameaça de Seferovic aos 7 minutos de jogo o Desp. Aves gelou o Estádio da Luz. Um golaço do iraniano Mohammadi, que driblou Ferro e atirou em arco para a baliza. Há 13 anos que o Aves não marcava um golo em casa do Benfica. Aliás, só o FC Porto tinha marcado na Luz esta época.
A resposta dos encarnados chegou logo na jogada seguinte. Gabriel obrigou Beunardeau a defesa apertada e Pizzi viu Dzwigala negar-lhe o golo na recarga com um corte providencial em cima da linha de golo! Logo depois impediu o empate a Seferovic. Era uma amostra do que aconteceria em grande parte do jogo, com o guarda-redes do Desp. Aves a transformar-se na figura do jogo.
A equipa nortenha conseguia ganhar a bola quando o Benfica estava na fase de construção e depois colocá-la nas costas de Ferro e Grimaldo, criando perigo na área benfiquista. Kevin Yamga arrastava consigo Gabriel criando desiquilíbrios no meio campo benfiquista, onde Weig ainda andava meio perdido. Num desses lances o camaronês ainda assustou Vlachodimos, mas o guarda-redes grego estava atento!
A perder, os jogadores do Benfica jogavam de forma precipitada na ânsia de chegar ao empate. Não ajudou o fato de Jota errar as coordenadas da baliza sempre que a bola lhe chegava em boas condições. Melhor pontaria tinha Seferovic que se fartou de colocar o guarda-redes do Desp. Aves à prova, mas a primeira parte acabou com o Benfica perto do golo. Foram três oportunidades de golo numa jogada só, mas o lance foi anulado por for a de jogo do avançado suíço.
A ofensiva encarnada precisava de ser mais letal e Bruno Lage recorreu à artilharia pesada. O treinador do Benfica aproveitou o intervalo para tirar Jota e meter Carlos Vinícius, mas o filme do jogo não mudou. Aos 50 minutos Haris Seferovic voltou a perder o duelo com Beunardeau. Rúben Dias deixou o avançado na cara do golo, mas o guardião francês voltou a agigantar-se! Era uma fase de sufoco benfiquista, mas a história do jogo podia ter sido outra se o árbitro não tem revertido a expulsão de André Almeida com a ajuda do VAR aos 53 minutos...
Sem conseguir meter a bola na baliza, as águias passaram a jogar apoiado desde trás, mas isso não era suficiente e Lage voltou a mexer na equipa, recorrendo a Cervi (entrou para o lugar de Weigl). Só dava Benfica... e Beunardeau (acabou o jogo com um recorde de nove defesas num jogo frente aos encarnados), que aos 69' voou para evitar o golo ao avançado suíço... mais uma vez.
O caminho para a baliza do Desp. Aves estava enguiçado e só uma grande penalidade abriu alas para o golo aos 76 minutos. Chamado a marcar, Pizzi não falhou e fez o empate perante o gigante francês, que ainda adivinhou o lado para que o capitão do Benfica ia bater, mas não impediu o golo.
Feito o empate, as águias não desligaram da corrente e acabariam por chegar à vitória numa jogada de insistência em que André Almeida apareceu na área a receber uma bola de Vinícius e a enviou para o fundo da baliza. E assim com dois golos dos capitães (Pizzi e André Almeida) as águias deram a volta ao marcador num jogo em estabeleceram um novo recorde de remate num encontro da I Liga (36 - o anterior recorde era do Sporting (28), o próximo adversário na I Liga).
VEJA OS GOLOS
FIGURA
Beunardeau.
As nove defesas feitas (novo recorde num jogo com o Benfica) espelham o trabalho que teve frente ao campeão nacional. O guarda-redes francês do Desp. Aves agigantou-se com defesa de enorme qualidade e dificuldade impedindo uma goleada. Os dois golos sofridos não mancham uma grande exibição.
FICHA DE JOGO
Jogo realizado no Estádio da Luz, em Lisboa
Benfica - Desp. Aves, 2-1
Marcadores: 0-1, Mohammadi, 20 minutos; 1-1, Pizzi, 76 (grande penalidade); 2-1, André Almeida, 89
Equipas:
Benfica: Vlachodimos, André Almeida, Rúben Dias, Ferro, Grimaldo, Weigl (Cervi, 61'), Gabriel, Pizzi, Jota (Vinicius, 46'), Chiquinho e Seferovic (Samaris, 90'+3')
Treinador: Bruno Lage
Desp. Aves: Beunardeau, Ruben Oliveira (Miguel Tavares, 90'+3'), Falcão, Bruno Morais, Dzwigala (Cláudio Tavares, 65'), Mangas, Estrela, Banjaqui, Yamga, Reko (Welinton Júnior, 84') e Mohammadi
Treinador: Nuno Manta Santos
Árbitro: Carlos Xistra (Castelo Branco)
Ação disciplinar: cartão amarelo para Yamga (12'), Chiquinho (22'), Banjaqui (44'), André Almeida (52'), Vinicius (72') e Samaris (90'+5')
Assistência: 50.760 espetadores