De um lado o FC Goa, clube da cidade que foi entre 1510 e 1961 capital do Estado Português da Índia e que é treinado por Zico; do outro o Chennaiyin FC, clube que foi criado numa operação-relâmpago apenas dois meses antes do início da primeira edição da Superliga indiana, em 2014, e que é orientado por Marco Materazzi. Os dois clubes estarão hoje (13.30) frente a frente na discussão do título de campeão da Índia, mas a juventude da competição faz que o maior cartaz da final não sejam os clubes mas sim os treinadores..Marco Materazzi, campeão do mundo pela Itália, e Zico, o "Pelé branco", são os principais rostos da segunda edição da Superliga indiana, cuja final será disputada hoje no Estádio Fatorda, em Goa. Para o técnico brasileiro, de 62 anos, será a oportunidade de adicionar mais uma conquista periférica ao seu currículo; para o italiano, 42 anos, último futebolista a fazer José Mourinho chorar perante as câmaras, é a chance de somar o seu primeiro título como treinador principal..Zico, um dos mais brilhantes futebolistas brasileiros - embora tenha tido fama de "pé frio" porque não conseguiu nenhum título pela sua seleção -, está habituado a somar troféus em países que não estão associados à nata do futebol mundial. Zico já conquistou duas Supertaças no Japão, uma na Rússia e outra na Turquia, foi campeão no Usbequistão e na Turquia e ganhou uma Taça da Ásia. Agora, procura somar um troféu enquanto treinador no quinto país diferente, ao lado do compatriota Lúcio, central brasileiro que aos 37 anos aceitou o desafio proposto pelo seu compatriota, após uma carreira internacional de sucesso - foi campeão mundial em 2002 e vencedor da Liga dos Campeões em 2010... orientado por Mourinho e ao lado de Materazzi..Rendido ao carinho indiano.Zico, que chegou a preparar a candidatura para concorrer à presidência da FIFA - recuou em outubro, perante a falta de apoios -, admite que não esperava ganhar tanta afeição à Índia, que desde 2014 aposta no recrutamento de figuras do futebol mundial para ajudar ao desenvolvimento da modalidade num país que só tem olhos para o críquete.."Fiquei muito afeiçoado ao FC Goa. Estou confortável aqui. Os proprietários confiam em mim e os fãs acarinham-me muito. O dinheiro não é problema, se eu quisesse dinheiro ia para outro lugar, não para a Índia", admitiu..O problema é que o campeonato indiano continua a ser um espaço competitivo reduzido, pois a competição dura apenas quatro meses. "Estou a viver bem aqui, teria todo o gosto em continuar. O problema é quando acaba a época. Que vou fazer durante oito meses?", lamentou. Daí que todos os astros da Liga indiana assinem apenas contratos de alguns meses, pois só há oito clubes na Superliga..Materazzi, por sua vez, dá os primeiros passos como treinador. O histórico do Inter de Milão, um assumido seguidor dos métodos de José Mourinho, assinou pelo Chennaiyin como futebolista em 2014, três anos após ter terminado a carreira, mas ao fim de seis jogos foi promovido a treinador. Desde então mantém-se no cargo e agora está a uma vitória de somar o primeiro título da ainda curta carreira.."Tivemos uma série de derrotas na fase regular, mas conseguimos manter-nos fortes e unidos. Trabalhámos os nossos pontos fracos, utilizámos os fortes e está a dar resultado. Merecemos estar na final e queremos desfrutá-la", disse o ex--central, que curiosamente já esteve na calha para ser despedido - venceu apenas oito de 16 jogos nesta época, mas o suficiente para ir disputar o título.."Todos os treinadores são desesperados por vitórias", realçou. O brasileiro Elano, ex-Man. City e que brilhou no Santos e no Shakhtar, é a estrela do Chennaiyin FC, que também conta com o italiano Blasi e o colombiano Stiven Mendoza, melhor marcador do campeonato e que foi cedido pelo Corinthians.