Voltar ao 4x3x3 para recuperar a melhor versão de Portugal diante da Eslovénia
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Voltar ao 4x3x3 para recuperar a melhor versão de Portugal diante da Eslovénia

Segundo o analista Pedro Bouças, o controlo do jogo e criatividade de João Félix não chegaram para a seleção evitar a derrota com a Geórgia, num jogo em que Martínez voltou a usar três centrais e mudou oito peças.
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No jogo dos oitavos de final, diante da Eslovénia, “Portugal deverá recuperar a linha de quatro defesas, com dois centrais, que foi assim que venceu o jogo com a Turquia (3-0)”, sublinha Pedro Bouças. O analista de futebol considera difícil encontrar algo positivo na derrota de Portugal com a Geórgia (2-0) no fecho da fase de grupos do Euro2024, com exceção para alguma criatividade de João Félix.

Mas olhando para o próximo jogo, na segunda-feira (20.00, em Frankfurt), diante de uma equipa muito compacta e que tem um guarda-redes de topo, o ex-Benfica, Jan Oblak - além do avançado ex-Sporting e Sp. Braga, Andraz Sporar, e dois guarda-redes suplentes da II Liga portuguesa, Vid Belec (Olhanense) e Igor Vekic (Paços de Ferreira) -, há peças que têm de regressar ao seu devido lugar para a máquina funcionar.

Pedro Bouças aposta nos regressos de Rúben Dias ao eixo da defesa, João Palhinha e Vitinha, no meio campo, e uma frente de ataque com Bernardo Silva, Bruno Fernandes e Rafael Leão, nas costas de Cristiano Ronaldo. “Acho que a forma como nós jogámos com a Turquia foi a nossa melhor exibição. Também me parece que é a forma como podemos melhor encaixar no jogo da Eslovénia, que joga em 4-4-2. Portanto, independentemente da Eslovénia colocar dois centrais em cima da linha defensiva portuguesa, eu creio que jogando com os nossos dois centrais e defendendo com mais gente na frente, conseguimos pressioná-los e impedir que tenham bola”, analisou o também comentador do Canal 11, lembrando que a “fórmula” para vencer os turcos também foi a mais usada por Roberto Martínez no apuramento perfeito para o Euro2024.

O que correu mal na Geórgia

Depois dos triunfos sobre a Rep. Checa (2-1) e a Turquia (3-0), que apuraram Portugal para os oitavos de final do europeu, a seleção foi surpreendida pela Geórgia e perdeu (2-0). “A circulação de bola foi lenta, quando chegávamos ao corredor lateral a bola não saía daí, ou seja, havia pouca circulação para o lado oposto e, sobretudo, em velocidade. Os médios tiveram dificuldade em virar-se de frente para o jogo. Quando recebiam a bola em zonas perto dos centrais, conseguiam. Mas quando recebiam em zonas um bocadinho mais adiantadas, eram pressionados pelas costas e não conseguiam virar”, explicou ao DN Pedro Bouças.

Na frente “faltou muita criatividade”. A exceção foi João Félix, segundo o analista, e não funcionou como devia porque, partindo da construção a três, António Silva, Danilo e Inácio não conseguiram fazer a bola chegar aos mais adiantados: “Félix foi a exceção, mas também recebia a bola mais na zona lateral, ou zonas baixas, longe da baliza.” E além de ter faltado a ligação da defesa com o ataque, para este último setor ter mais bola, “quando essa ligação foi feita os médios ofensivos, sobretudo, não estavam a conseguir virar para o jogo e com isso dar seguimento às jogadas”.

Na transição defensiva, ou seja, no momento da perda da bola, “regra geral Portugal até controlou bem, mas a verdade é que pagou caro os erros que aconteceram”. Erros pessoais de António Silva (ver texto ao lado), mas também de posicionamento coletivo, o que acabou por potenciar o erro individual.

8 mudanças - falta de rotinas

Já apurado, do embate com a Turquia para o duelo com a Geórgia Roberto Martínez mudou oito peças na equipa titular, mantendo apenas Diogo Costa, Ronaldo e Palhinha. Para o comentador do Canal 11 “é muito importante” ter em conta que quando se aposta num onze totalmente novo há coisas que, invariavelmente, se perdem: “Não há rotinas, não há micro-sociedades em que os jogadores se conhecem e só de olharem um para o outro sabem se o colega quer a bola no pé, se quer a bola no espaço, se quer a bola para a frente, se quer a bola para trás e, portanto, o facto de não haver qualquer rotina fez com que o jogo também fosse mais lento, menos criativo e mais previsível.”

Isso mesmo disse Danilo, um dos que jogou de início num esquema de três defesas centrais, juntamente com António Silva e Gonçalo Inácio, no final do jogo de quarta-feira: “Foi um jogo muito lento e pausado, não conseguimos entrar no bloco solidário da Geórgia. Faltou jogo de rotura, mais presença na área para criar situações de perigo. Depois eles marcaram cedo e isso abalou um pouco a equipa jovem que se apresentou. Temos de tirar ilações para não cometer os mesmos erros contra a Eslovénia.” 

A seleção portuguesa começou ontem a preparação duelo dos oitavos-de-final e hoje há novo treino com vista ao duelo de segunda-feira com os eslovenos. No pós-Geórgia, os jogadores receberam a visita de familiares e pelo menos um dos capitães, Rúben Dias, recorreu às redes sociais para deixar uma mensagem de esperança e resiliência aos adeptos: “Trabalho feito na fase de grupos. Muita resiliência neste momento e muita crença em nós! Arregaçar as mangas e venham os oitavos.”

isaura.almeida@dn.pt 

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