Santos lembra títulos conquistados para indicar caminho para o Qatar
Chegou a hora. A seleção nacional tem esta quinta-feira noite (19.45 horas, RTP1) a primeira de duas finais para chegar ao Mundial 2022, que irá realizar-se no Qatar entre 21 de novembro e 18 de dezembro. A Turquia é o primeiro obstáculo a ultrapassar, no Estádio do Dragão, e só uma vitória permitirá ter acesso ao jogo decisivo com o vencedor do Itália-Macedónia do Norte.
Trata-se de um momento crítico para a equipa das quinas que desde o Euro 2000 marcou presença em todas as fases finais de grandes competições. A última vez que Portugal falhou um apuramento foi a 6 de setembro de 1997, com o empate 1-1 na Alemanha, num jogo em que a seleção treinada por Artur Jorge se colocou em vantagem aos 71 minutos (Pedro Barbosa), mas pouco depois o árbitro francês Marc Batta expulsou Rui Costa por alegadamente ter demorado tempo a ser substituído. Ás lágrimas do número 10 português, seguiu-se o golo alemão de Ulf Kirsten, que matou o sonho português.
Agora, equipa de Fernando Santos enfrenta um momento decisivo, depois de dois jogos de pesadelo - um empate na Irlanda e uma derrota caseira com a Sérvia - que custaram a qualificação direta. Ainda assim, o selecionador nacional acredita que desta vez será diferente. "Vencemos as duas finais em que estivemos, em França e no Dragão para a Liga das Nações, e esse é um fator positivo. Esta é mais uma final e queremos dar uma alegria aos 11 milhões de portugueses", disse.
O selecionador nacional assumiu, após a derrota com a Sérvia, que se demitirá do cargo se não conseguir o apuramento par ao Mundial, mas a palavra eliminação não entra no discurso de Fernando Santos. "Isso nem é questão que se coloque. Para mim, não. Estou totalmente focado nesta final, a equipa está motivada e concentrada", garantiu, acrescentando: "Estamos aqui por responsabilidade nossa. Já assumimos isso. Isso é passado. Queremos estar no Mundial e para isso temos que ganhar à Turquia."
A equipa das quinas vai entrar em campo sem a habitual dupla de centrais, constituída por Rúben Dias (lesionado) e Pepe (infetado com covid-19), mas esse facto não parece preocupar Fernando Santos. "Não vale a pena falar deles. Não estão para o jogo, mas estão com o grupo, através de mensagens. Tenho absoluta confiança nos jogadores que chamei e tomarei as minhas decisões", frisou, garantindo ter "poucas dúvidas" em relação aos onze jogadores que irá escolher para esta partida. "Há sempre uma ou outra dúvida para determinada posição, mas são muito reduzidas", acrescentou.
Um dos jogadores que terá lugar certo no onze é o defesa-central José Fonte, que começou por garantir que o estado de espírito da equipa "é positivo". "Estamos focados em dar uma grande alegria ao nosso povo", sublinhou.
Fernando Santos admitiu que a Turquia é uma seleção "com muita qualidade individual" e, como tal, todos os cuidados são poucos. "Conhecemos bem o futebol turco e há muita qualidade, ao nível do passe e da execução. É uma equipa aguerrida, muito competitiva e que joga com o coração. Temos que igualá-los na raça, na entrega e na paixão ao jogo", sublinhou o selecionador, assumindo que a sua equipa tem de "fugir do jogo partido" que diz ser aquilo que os turcos "gostam".
Na realidade, a Turquia teve uma fase de apuramento muito boa com vitórias diante dos Países Baixos e Noruega, mas os empates caseiros com Letónia e Montenegro e a goleada (1-6) sofrida em Amesterdão ditaram o despedimento de Senol Günes, que foi rendido pelo alemão Stefan Kuntz, que conduziu a equipa ao play-off com um empate caseiro com a Noruega e vitórias com Letónia, Gibraltar e Montenegro.
Os turcos procuram chegar ao terceiro Mundial da sua história, depois de terem estado presentes em 1954, na Suíça, e em 2002, na África do Sul. Para isso, contam com o estratega Hakan Çalhanoglu, que tem brilhado no AC Milan, e com o veterano goleador Burak Yilmaz, de 35 anos, que marcou cinco golos no apuramento, e para quem José Fonte está avisado, afinal são companheiros no Lille. "É um grande amigo, mas há que defender a nossa bandeira. Vamos ter concentração máxima para conseguirmos o objetivo", assumiu.
A última vez que as duas equipas se defrontaram foi a 2 de julho de 2012, em jogo de preparação para o Europeu realizado na Polónia e na Ucrânia. Numa partida em que Cristiano Ronaldo até falhou um penálti, a Turquia venceu, na Luz, por 3-1, naquele que foi o segundo triunfo sobre Portugal. De resto, a equipas das quinas ganhou as cinco partidas oficiais entre estas seleções: duas no apuramento para o Mundial de 1966, e as restantes quatro nas fases finais dos Europeus de 1996, 2000 e 2008.