Nuno Borges é atualmente a principal referência do ténis português no pós-João Sousa, “não só pelos resultados, mas também pelo grande profissionalismo e exemplo que dá”. Mas, segundo Rui Machado, há outros bons valores, como Jaime Faria (21 anos), que recebeu um convite para o quadro principal do Millennium Estoril Open, e Henrique Rocha (21anos), que deve jogar o qualifying. São “fruto” do “forte investimento” que a Federação Portuguesa de Ténis (FPT) fez nos últimos anos, ao nível das infraestruturas, condições técnicas e de treino, que inclui equipas multidisciplinares, que vão da nutrição à psicologia, e que têm potenciado o talento dos tenistas. “Um jogador de ténis demora muitos anos a fazer e se o Jaime Faria, o Henrique Rocha, a Matilde e a Francisca Jorge estão agora a ter resultados internacionais relevantes, e é porque já estão há seis anos no Centro de Alto Rendimento no Jamor. Queremos continuar a semear para continuar a colher, sabendo que é difícil fazer jogadores profissionais”, explicou ao DN o antigo tenista, que deixou de jogar em junho de 2016 e em setembro assumiu o cargo de Diretor Técnico Nacional.A maior montra para os portugueses continua a ser o Estoril Open. Este ano o torneio baixou à categoria Challenger, com um prize money de 227 mil euros e um quadro forte de tenistas. Alguns deles, como Nuno Borges (joga sexta-feira com Davidovich Fokina, 29.º do mundo) e o prodígio brasileiro João Fonseca e Kei Nishikori estão dependentes do desempenho no Masters Madrid. Segundo o antigo tenista e atual capitão (assim se chama o selecionador no ténis) da seleção, “o quadro do torneio está bastante forte” e o contingente nacional pode sair reforçado. O pré-qualifying arranca já amanhã, no Clube de Ténis do Estoril, com oito jovens tenistas - Pedro Araújo, Francisco Rocha, Manas Dhamne, João Graça, Salvador Monteiro, Gonçalo Castro, João Luís Silva e Vicente Couto - a lutar até domingo por uma vaga no qualifying. “É um torneio que tem sido muito importante também para os portugueses. Vamos ter muitos jovens a ter a primeira oportunidade de jogar num contexto único, com muito público e muita animação nas bancadas. O Estoril tem uma dinâmica diferente dos outros torneios”, admitiu Rui Machado, lembrando que os portugueses têm jogado muito bem no Estoril Open. Além do desempenho desportivo, os tenistas nacionais ajudaram ao espectáculo: “Os adeptos vão ver alguns dos melhores do mundo, mas também vão ao Estoril para ver os portugueses, que jogam com os melhores tenistas mundiais. E há sempre uma grande alegria ver o público português com essa ligação muito mais forte ao torneio e ao ténis dos portugueses.”A vitória de João Sousa, em 2018, foi “ importantíssima” para conectar os portugueses com o torneio e o ténis. O melhor tenista nacional chegou a 28.º do ranking ATP e despediu-se dos courts no Estoril Open do ano passado. E o sucesso de Nuno Borges, de certa forma, também fez com que o adeus de João Sousa “fosse menos doloroso” para o ténis português.Nuno Borges, um exemploNuno Borges, natural da Maia, treina no Centro de Alto Rendimento no Jamor há quatros e é “um exemplo”, pela “simplicidade e proximidade” que tem com todos os outros tenistas. “Poder ter condições para ser um jogador de top 50, desenvolver-se aqui e, note-se que ele, quando se insere nesta estrutura, estava fora do top 250. É o maior exemplo de sucesso deste projeto”, diz Rui Machado, que, como diretor, tem monitorizado meia dúzia de jovens que podem chegar a profissionais.Segundo ele, a federação tem hoje a capacidade de acompanhar e avaliar os melhores atletas, não só através das seleções nacionais, como do projeto do Centro de Desenvolvimento Nacional, que acompanha 16 atletas por escalão (os seis melhores de cada região em quatro centros, Norte, Centro, Lisboa e Sul) e do projeto que apoia os seis melhores de cada idade, com acompanhamento a torneios internacionais. O top 100 sempre foi uma marca importante para os tenistas, mas, segundo o Diretor Técnico Nacional, “ter muitos portugueses no top 100 será uma tarefa difícil”: “Há que perceber o contexto e a dimensão do País e do nosso ténis, e comparar-nos com alguns países da mesma dimensão. Claro que queremos ter mais, mas temos de ter a consciência que o importante aqui é conseguir ter condições para aproveitar os nossos talentos, para potenciá-los, e para promover que cada vez apareçam mais novos talentos.”Estoril Open com dois convites por atribuirSob o lema ‘Esta é a Nossa Terra’, o quadro principal de singulares da 10.ª edição do Millenium Estoril Open terá 28 jogadores, num total de 70 tenistas. O quadro principal vai ser sorteado domingo e até lá ainda há dois convites que serão atribuídos. Para já Alex Michelsen (38.º do ranking ATP) é o primeiro cabeça-de-série do torneio que terá Pedro Martínez, Marton Fucsovics, Jesper De Jong, Luca Nardi e Carreño Busta (vencedor de 2017).