Rúben Amorim é para ficar. Venda de um ou dois jogadores é inevitável
Treinador com margem para continuar e tem confiança de Frederico Varandas. Gonçalo Inácio admite ficar mais um ano se tiver salário de topo. Ugarte de saída.
Se depender de Frederico Varandas e do próprio Rúben Amorim, o técnico vai continuar a liderar o Sporting na próxima época, segundo soube o DN. A certeza de que terminará a época sem qualquer troféu e em 4.º lugar no campeonato não muda os planos do presidente e do treinador, mas obrigará a cedências e adaptações ao plano original, que passava pela presença na Liga dos Campeões em 2023-24.
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Se em janeiro fonte do Sporting garantia ao DN que o projeto não ficaria comprometido se os leões falhassem o acesso à Champions, agora que o adeus à prova milionária do próximo ano é uma realidade, após o empate no dérbi (2-2) da 33.ª jornada da I Liga, a convicção mantém-se. Mas, para não comprometer o projeto a nível desportivo, o clube pode ter de vender o passe de alguns jogadores... e sem Champions, deixou de poder usar o trunfo: "saídas só pela cláusula."
O 4.º lugar dá "apenas" acesso à Liga Europa, que tem um prémio de participação de cinco milhões de euros, longe dos cerca de 30 milhões que poderiam ser garantidos com a entrada na fase de grupos da Champions. E, mesmo que Frederico Varandas tenha instituído como regra desde que foi eleito presidente (2018), que os orçamentos não podem depender dos milhões europeus - e por isso apostado no teto salarial, na formação e na valorização do jogador jovem com contratos de longa duração e ordenados progressivos por forma a chegar à sustentabilidade financeira - o Sporting perdeu o sossego financeiro e ficou sem margem na planificação da nova época.
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A entrada na Liga dos Campeões era essencial para a consolidação da marca Sporting e do projeto que tem Amorim como ator principal desde que chegou a Alvalade em março de 2020. Nesse ano teve a pandemia da covid-19 como principal adversário e já não conseguiu inverter o cenário que levaria a equipa a terminar em quarto lugar... que agora repete depois de dar o título em 2020-21 e ficar em 2.º lugar em 2021-22.
É a primeira vez que não consegue o apuramento para a prova rainha da UEFA e isso tem algum peso a nível pessoal. Com contrato até junho de 2026, Amorim tem estado em sintonia com o presidente e já colocou várias vezes o futuro nas mãos de Frederico Varandas, mas terá de lidar com alguma frustração pessoal e de ceder na questão da venda de jogadores. E saltam há vista dois ativos. Ugarte e Gonçalo Inácio, os mais valiosos do plantel e também os que mais cobiça geram no mercado. A saída de um deles é inevitável, a outra pode ser evitada... O defesa central admite ficar mais um ano se renovar e for aumentado, passando para o teto salarial, segundo soube o DN.
Evitar que as saídas comprometam as aspirações desportivas - como aconteceu com Matheus Nunes já com a época a decorrer - é a missão da estrutura leonina e de Amorim, que está no pódio de treinadores com mais jogos pelo Sporting. No dérbi, o técnico fez o jogo 186 de leão ao peito, igualando Jorge Jesus e ficando apenas atrás de Paulo Bento (194) e Joseph Szabo (270). O primeiro jogo foi a 8 de março de 2020, na receção ao Desp. Aves (2-0), tendo conquistado um campeonato, duas Taças da Liga e uma Supertaça. O jogo 187 será na despedida do campeonato, em Vizela, na próxima sexta-feira (21.15, Sport TV).
Erro técnico do VAR no dérbi
O Sporting admitiu ontem que "foi uma época aquém das expectativas", e, mesmo não querendo "de forma alguma, desculpar" o facto de não ter conseguido alcançar os objetivos com erros de arbitragem, é impossível deixar passar em claro "as decisões erradas e sem explicação racional", que foram "prejudiciais" para o clube. E, no caso em concreto do dérbi de domingo, "falsearam a verdade desportiva do jogo".
No duelo da 33.ª e penúltima jornada da I Liga, João Pinheiro validou - com ajuda do VAR, Hugo Miguel - o golo de João Neves que deu o empate ao Benfica (2-2) e deixou o clube de Alvalade sem hipóteses de chegar ao terceiro lugar, que poderia dar acesso à Liga dos Campeões. Uma decisão contestada pelo Sporting. "O jogo frente ao Benfica ficou marcado por uma decisão no final da partida onde a unanimidade da crítica afirmou que o golo do empate do adversário é irregular por bloqueio de um jogador encarnado em fora de jogo ao capitão leonino. Há, claramente, um erro técnico do VAR que não aplicou as leis de jogo, impedindo que a nossa equipa conquistasse os três pontos", lê-se no comunicado do clube, que reforça a "necessidade de serem conhecidos os áudios entre o VAR e as equipas de arbitragem".
isaura.almeida@dn.pt