Desporto
19 maio 2022 às 22h37

Roger Schmidt tem história a favor. Treinadores estrangeiros com o triplo dos títulos de campeão

Técnicos forasteiros têm levado a melhor sobre os portugueses em termos de troféus conquistados (55 contra 27) na Luz. Otto Glória e Jorge Jesus são os mais titulados desde 1934-35.

A história joga a favor de Roger Schmidt, o alemão que orientará o Benfica na nova época. Dos 25 técnicos estrangeiros que treinaram o clube encarnado, desde a primeira edição do campeonato nacional (1934-35), 19 conquistaram troféus de águia ao peito. E mais de metade deles (14) foi campeão nacional, sendo que sete festejaram o título nacional por duas ou mais vezes: Otto Glória, Janos Biri, Bela Guttmann, Sven-Goran Eriksson, John Mortimore, Jimmy Hagan e Lipo Herczka - o primeiro estrangeiro campeão (1936-37 e 1937-38).

No total, os estrangeiros contribuíram com 55 troféus para o Museu do Benfica, incluindo 28 títulos de campeão nacional. Mais do dobro das taças e mais do triplo em títulos de campeão, em comparação com os 18 portugueses que se sentaram no banco da Luz nos últimos 87 anos. Desses, só oito conquistaram algo pelo Benfica, sendo que apenas cinco foram campeões nacionais (Mario Wilson, Toni, Jorge Jesus, Rui Vitória e Bruno Lage). E nenhum logrou conquistar uma taça europeia. As duas Taças dos Clubes Campeões Europeus da história encarnada foram ambas ganhas sob o comando do húngaro Bela Guttmann (1961 e 1962).

No total, os portugueses contribuíram com 27 troféus - nove títulos nacionais, oito Taças de Portugal, seis Taça da Liga e quatro Supertaças. Jorge Jesus foi o técnico que mais recheou o palmarés das águias, com dez troféus (incluindo três títulos de campeão), mais um do que o brasileiro Otto Glória (nove), o único a conquistar quatro títulos de águia ao peito.

Que os estrangeiros têm levado a melhor é um facto indesmentível pelos números. Dos 19 técnicos que foram campeões, 14 são estrangeiros. O último a ter (relativo) sucesso na Luz foi o espanhol Quique Flores, que assumiu o cargo durante a época 2008-09. Ficou apenas um ano e venceu uma Taça da Liga (a primeira de oito do historial do clube). Depois saiu para dar lugar a Jorge Jesus e a uma sequência de técnicos made in Portugal nunca antes vista para os lados da Luz. Ciclo que agora, 14 anos depois, se interrompe com a contratação de um alemão.

Roger Schmidt e Quique Flores estão ligados por esse elo chamado Rui Costa. Em 2008, o agora presidente do Benfica tinha acabado de chegar ao cargo de diretor geral para o futebol quando deu OK à contratação do espanhol.

Agora volta a apostar num estrangeiro para agitar as águas. Álvaro Magalhães, que foi adjunto do espanhol José Antonio Camacho (venceu uma Taça de Portugal em 2004) e do italiano Giovanni Trapattoni (campeão em 2004-05), concorda: "Há ótimos técnicos portugueses, mas, nesta fase do Benfica, faz bem a mudança para um estrangeiro, que traga outra mentalidade, estilo de jogo e pensamento. Aliás, o clube teve sempre sucesso com os treinadores estrangeiros".

DestaquedestaqueDos 19 treinadores que já foram campeões pelo Benfica, 14 eram estrangeiros e apenas cinco portugueses. O último forasteiro a ser campeão foi Giovanni Trapattoni (2004-05).

Roger Schmidt é o segundo alemão a treinar as águias, depois de Jupp Heynckes (1999-2000), que ainda hoje é um dos mais titulados a nível mundial, embora tenha saído de Portugal sem qualquer troféu ou glória. Desde 1934-35, o Benfica já teve seis treinadores húngaros, três argentinos, três espanhóis, três brasileiros, dois ingleses, um chileno, um romeno, um jugoslavo, um sueco, um croata, um escocês, um italiano e um neerlandês.

O último a ter sucesso no campeonato foi Trapattoni, em 2004-05. Desde então passaram-se 17 anos e outras tantas épocas sem um título estrangeiro. As passagens de Ronald Koeman (2005-06) e Quique Flores (2008-09) renderam apenas algumas taças (ver tabelas).

isaura.almeida@dn.pt