Portugal falha no teste mais difícil e há muito para retificar até ao Euro
Com uma primeira parte demasiado fraca onde não fez um único remate enquadrado à baliza, e um segundo tempo assim-assim, Portugal foi este sábado derrotado pela Croácia por 1-2, num desafio que teve como palco o Estádio Nacional, que completa 80 anos amanhã e que não recebia um jogo da seleção há uma década. Não foi de todo um bom teste para o Campeonato da Europa, desta vez diante de uma seleção com pergaminhos e que também vai estar presente na competição que se realiza na Alemanha entre 14 de junho e 14 de julho.
Fica um indicador importante: foi apenas a segunda derrota da era Martínez, mas provavelmente frente ao adversário mais difícil que a seleção defrontou com o espanhol como selecionador. Até ao Euro ainda há mais um jogo de preparação (quarta-feira com a Rep. Irlanda), e fica a ideia de que há ainda vários pontos a melhorar, como a finalização e a ligação entre setores.
Em relação ao particular de terça-feira com a Finlândia, o selecionador Roberto Martínez fez sete alterações. Saíram José Sá, João Cancelo, António Silva, João Neves, Francisco Conceição, Jota e Leão. Entraram Diogo Costa, Dalot, Inácio, Bruno Fernandes, Félix, Ramos e Bernardo Silva (foi o capitão). No onze mantiveram-se Rúben Dias, Nuno Mendes, Vitinha e Palhinha.
A Croácia entrou bem e colocou-se em vantagem logo aos oito minutos, através de uma grande penalidade convertida por Luka Modric, a castigar um lance duvidoso onde terá havido um toque de Vitinha em Kovavic. Foi a primeira vez na era Roberto Martínez que a seleção portuguesa sofreu um golo na primeira parte de um jogo.
Portugal demonstrou sempre grandes dificuldades em sair para o ataque e em criar lances de perigo, sempre muito previsível e com um meio-campo algo apático, ao contrário dos croatas, que quer em ataque continuado, quer em contra ataques, iam lançado pânico junto à baliza de Diogo Costa, que aos 13’ foi obrigado a aplicar-se a um remate de Majer e aos 21’ viu um remate de Gvardiol sair um pouco ao lado.
Perto do intervalo, aos 43’, novo grande susto, com Diogo Costa outra vez a ter que se aplicar para impedir o golo de Kramaric - na recarga Budimir cabeceou ao lado. O primeiro tempo acabou com um remate ao lado de Bruno Fernandes e a estatística dos primeiros 45 minutos dizia muito: 11 tentativas de golo para os croatas contra apenas cinco de Portugal, que não fez um único remate enquadrado à baliza.
Era preciso mais dinâmica, sobretudo no ataque, e Roberto Martínez fez várias alterações ao intervalo - saíram Diogo Dalot, João Félix, Gonçalo Ramos e Nuno Mendes, e entraram Nélson Semedo, Rafael Leão, Diogo Jota e Cancelo.
Dito e feito. Portugal marcou o golo do empate logo aos 48’ através de dois jogadores que tinham acabado de entrar, com Nélson Semedo a assistir Diogo Jota que só teve de empurrar para a baliza.
Mas numa altura em que parecia que a seleção podia dar a volta ao texto, a Croácia voltou a colocar-se vantagem aos 56’. Após um remate forte de Pasalic à barra, Budimir, livre de marcação, marcou de cabeça. Tal como no jogo com a Finlândia, a equipa voltou a mostrar fragilidades defensivas.
O golo croata, porém, não tirou ânimo à seleção portuguesa, que no espaço de dois minutos dispôs de três boas ocasiões para chegar ao empate, por Bernardo Silva, Rúben Dias e Diogo Jota.
Martínez ainda lançou Pedro Neto para o ataque, mas a melhor ocasião pertenceu aos croatas, com nova grande defesa de Diogo Costa (a defesa ficou a dormir) a remate de Susic. Já perto do final, Rúben Dias teve uma soberana oportunidade para empatar, e Diogo Costa com mais uma boa intervenção impediu o terceiro dos croatas.
O apito final chegou e com um aviso: com a fase final do Euro à porta, é preciso retificar erros, porque as seleções que estão no Europeu têm muito mais valor do que aquelas que Portugal passou a ferro na fase de qualificação.
"Acho que foi um jogo de muita incidência tática. Precisámos de 20 minutos para entrar no ritmo de um jogo com muita qualidade tática. A nossa atitude e empenho ajudou-nos a reagir nos ultimos 60 minutos", disse no final Roberto Martínez.
"Marcámos um golo bem trabalhado, mas o resultado é negativo. Precisamos de analisar, mas tivemos muitas coisas positivas. Tivemos 16 jogadores de campo e o Diogo Costa teve um jogo muito bom. O [segundo] golo chegou num momento difícil, mas reagimos e tentámos criar boas chances. Claro que quando estamos com confiança e com o controlo de jogo, perdemos com o segundo golo. Precisamos de manter intensidade defensiva", acrescentou o selecionador.
nuno.fernandes@dn.pt